Universidade de Évora - Colégio do Espírito Santo
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LIBERDADE (a SÉRIO). A PAZ. O PÃO, HABITAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO Através de extricadas e ténues tiradas de papel e cartão, alicerçadas por paus e hastes, e mãos em punho, os cartazes artesanais de protesto, que nos chegam pelas mãos da Associação Cultural EPHEMERA - Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira, convidam-nos a uma observação expositiva de LIBERDADE (a SÉRIO)! Fazendo eco das vozes que refletem algumas dessas memórias do protesto coletivo, nascidas no seio dos movimentos de contestação sociopolítica, económica, ativista e ambientalista das primeiras décadas do século XXI, em Portugal, (e algumas no Mundo), são retratados e explorados, por meio dos conteúdos expositivos, temas tão vastos, como: A PAZ, O PÃO, HABITAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO. Estes, apresentam-nos as cores e as demais nuances da LIBERDADE, numa trajetória que é de ontem, mas também de hoje, dada a contemporaneidade dos temas. Trajetórias que nos revelam, nalguns casos, tragédias há muito anunciadas, que nos ressaltam a olhos nus com imensa profundidade e dissenso, despojando desejos, anseios e frustrações, e que acabam por desmascarar alguns dos sentimentos e dos afetos, que são bem demonstrativos desses grandes inquietantes dilemas que teremos pela frente, por resolver. Na ausência de empatia, o peso das grandes opções de hoje conduz e transporta, inevitavelmente, estes grandes dilemas para as próximas gerações. E esse é um sentimento difícil de entender para as gerações que herdam, no futuro, as opções de hoje. Nesse sentido, por detrás dos ideais e dos conceitos que, nevralgicamente, dignificam (ou não) as nossas democracias, os cartazes artesanais de protesto do núcleo documental da EPHEMERA anunciam ao mundo, não apenas, os ideais da Liberdade democrática e participativa, que geram, (re)produzem, e humanizam no presente as sociedades livres contemporâneas, como também refletem o seu profundo e sistémico processo de desumanização, em curso. Face ao progressivo consumo do imediatismo/distopia, em que as sociedades contemporâneas se movimentam, mas motivados, também, pelas circunstâncias de uma produção artesanal, e pelo uso de um material expositivo bastante frágil, efémero, que nos impele à sua salvaguarda e divulgação, pretendemos, por um lado, através destes documentos históricos artesanais, dar a conhecer ao publico académico, e em geral, um documento histórico de arquivo que nos dá conta de uma parte significativa do tecido socioeconómico da população portuguesa das primeiras décadas do XXI, mas por outro lado, prolongar-lhes a sua vida, para lá da sua génese. Desse modo, ao serem preservados, e divulgados, os cartazes artesanais de protesto da EPHEMERA tornam-se objetos de análise e interpretação histórica e sociológica (e antropológica), uma vez que nos permitem, com toda a “Liberdade a sério”, observar e analisar o percurso e as mutações de temas tão vastos, como: a Climática Estudantil, as questões Ambientais, as Reivindicações LGBTI e de Igualdade de Género-Interseccional, as Reivindicações pelo Direito dos Refugiados e dos Emigrantes, o Racismo e os Movimentos, como a BlakeLivesMatter, as Marchas Feministas, as Manifestações contra a Violência Doméstica e Sexual, de Injustiça Patriarcal e Sexista, as Manifestações de Protesto Internacional, as questões relacionadas com Troika e a Austeridade, a Precariedade Laboral, a Concertação Social e a Concentração de Riqueza, as Greves Nacionais, as questões Urbanísticas dos grandes centros históricos, e suas medidas de Habitação Social, a Gentrificação, a Pandemia da Covid-19 e da Saúde Mental, as Lutas Estudantis e dos Profissionais da Educação. Contra a ausência de empatia, na dificuldade de olhar o outro (nós próprios), e uma vez que é possível convocarmos a história no presente, e resgatarmos algumas dessas tensões e contradições, proporemos, através dos conteúdos expositivos, refletir sobre estas que são já as grandes questões fraturantes que assombram e dividem as nossas sociedades. Questões bastante polarizadas, que poderão acabar por agudizar no perigo de uma passividade se generalizar, e nos deixarmos cair cúmplices nos caminhos incertos das narrativas de ódio. Reféns de uma comunicabilidade e de uma dialética que, ao invés de privilegiar o substrato e a essência do outro, procura antes uma base de confronto, que estabelece padrões de comportamento que visam acentuar, não o que, efetivamente, o outro propõe, mas aquilo que desejamos e queremos, por força, que lá esteja. Em suma, contra a ausência de alteridade, com os cartazes artesanais de protesto da EPHEMERA, agora expostos pelos corredores e cisterna da Universidade de Évora, procuraremos, precisamente, estimular esse espaço privilegiado de uma Universidade, onde o Saber não se apresenta segmentado em gavetas, mas é antes compartilhado e confrontado, através do diálogo e do debate transdisciplinar, na esperança de traduzir uma participação crítica de todos, sobre os diferentes níveis da vida em sociedade. O resultado é bem demonstrativo, tendo em conta que os impulsos subjetivos, éticos, ideológicos e morais dos cartazes de protesto acabam por dialogar e confrontar um núcleo de princípios e valores, diferentes entre si, que na realidade nos permitem percecionar a palavra no seu sentido mais lato, através da simbiose ação/pensamento, como uma arma para transformar o mundo, que procura captar a esperança e a coragem. Ou a falta destas. SBID-Serviços de Biblioteca e Informação Documental UÉ Dinamização Cultural| Rute Marchante Pardal| Novembro 2021 CO-COORDENAÇÃO: Associação Cultural EPHEMERA PARCERIAS: Associação Cultural do Imaginário, ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa, Empresa MRÔLO Inauguração às 17h (dia 16 DEZ 2021) com a presença de José Pacheco Pereira e as Vozes do Imaginário. Entrada Gratuita
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