Pústula é o título do vídeo, realizado para o espaço da Galeria, que dá o nome à exposição. Este vídeo, que começou com uma vontade da artista de “trazer o mundo rural (Bárbara Fonte tem o seu ateliê em Paredes de Coura) ao centro da cidade”, depressa se transformou, como é habitual nos seus vídeos, numa narrativa pessoal em que o quotidiano de um corpo (sempre o da artista) vai desenvolvendo através de diversas ações, que lhe parecem ser inatas tal é a intimidade que sentimos entre o corpo e a câmara, a construção de um tempo.
Em Pústula, a solenidade nas ações filmadas de Bárbara Fonte é por vezes levada ao cómico, como faz um palhaço sério. Do ato solene jorra uma gargalhada. A gargalhada é libertadora, mas deixa-nos vulneráveis e revela a força da artista. Pode dizer-se que o trabalho de Bárbara Fonte vomita, enquanto arranca e vira do avesso a norma, para além de oferecer uma estranheza e uma crueza visual desconcertantes.
Assim são também os seus desenhos, apresentados nesta exposição, feitos a pincel com tinta-da-china sobre papel canson, onde bocas sorridentes se misturam com formas quase sempre orgânicas, onde vemos aquilo que queremos ou conseguimos ver: de úteros a ursinhos de peluche, naturezas mortas, vulvas, entre muitas outras coisas. Feitos a partir de memórias ou de pequenos modelos existentes, são de certo uma parte importante do trabalho desta artista, que tem o desenho como disciplina central do seu trabalho, incluindo os seus vídeos e as suas fotografias.
Fonte: https://agendalx.pt/events/event/barbara-fonte/