Olhemos ao espelho e encontremos a nossa identidade, subjugada pelo tempo e pelo espaço. Tyroliro é a nova aventura musical de Giliano Boucinha, músico de outras e muitas andanças. Já nos mostrou Utter, Colibri, Paraguaii, é também membro e compositor em Captain Boy e revela-se, agora, a solo com o seu disco de estreia “Tu és Brute”. Sabemos logo, pelo início, ao que vamos. O pano de fundo é o folclore, a nossa infância, presa por remendos, quase caída no esquecimento e que agora, qual icebergue da psic, vem à tona. Vivências, histórias, fantasias, perspectivas, sonhos, tudo isto é fundido e dado a ouvir, numa bandeja sonora bem misturada. Este é, de longe, o trabalho mais pessoal e intimista de Giliano Boucinha. Vemos o risco, o ardor, o prazer, enfim, a astúcia dum músico multifacetado que deambula pela música mais dançável, através do uso com mestria da simbiose entre guitarra jingada e sintetizadores herméticos, pelo rock mais convencional mas com pitadas de cordas clássicas e onde, em suma, vemos quase correr três décadas de música aos nossos ouvidos. É do que é feito o artista que nos é dado a ouvir; do início ao fim. A lírica de Tyroliro mostra-nos o à vontade com que nos conta a sua história: do preâmbulo até ao fim. Conta nos histórias com história, fala-nos sobre a esperança, sobre o erro do que é ser humano, do que é o mundano e idílico, do que todos gostávamos de ser, sobre o infindável desejo de nos superarmos, sobre a dança, sobre lágrimas, sobre Roma, sobre relações e ações. Enfim, sobre tudo o que o que une, verdadeiramente, as peças das nossas vidas e nos faz construir uma linha que nos guia a memória, o pensamento e nos permite ter a nossa própria noção de identidade. Nem tudo é belo e perfeito, mas nem tudo está perdido. É na incerteza sobre o futuro, a morte e a vida que Tyroliro se vai rebuscar no passado, na memória, no tradicional, no seu Minho, e constrói o éter da sua história e da sua visão.”Tu és Brute” fala diretamente para nós. Somo todos nós, aqui, chamados a capítulo. O resultado só pode exigir que nos afundamos nele, do início ao fim. Respiremos de alívio, diz nos ele: a nossa memória está bem viva e do nosso passado, só pode nascer o futuro. Apesar do incitamento, inicial, ao choro, ficará a dúvida: língua da sogra ou pipocas? É uma questão que só nos pode deixar felizes.
Dia: 16 de Abril Hora: 21h30
A sessão poderá ser assistida nas seguintes páginas: - Clav - Centro e Laboratório Artístico de Vermil - Comunidade Cultura e Arte
Apoios: - Município de Famalicão - Comunidade Cultura e Arte - Antena 3 - Alma Lusa TV - Cervejaria Mau Maria.
Ilustração: Katharina Leppert