Conhecido como o Século de Ouro do mobiliário francês, o século XVIII foi palco de grandes transformações neste campo, alcançando-se uma qualidade técnica e artística sem precedentes na produção de móveis. A conjuntura favorável da época permitiu que tal acontecesse. Esta exposição tem como ponto de partida alguns exemplares emblemáticos da Coleção do Fundador produzidos neste período, nomeadamente a secretária-cilindro de Jean-Henri Riesener, e importantes empréstimos de instituições nacionais e internacionais, como o Museu Nacional de Arte Antiga e o Musée des Arts Décoratifs.
Pretende-se explorar as diferentes fases da produção destas peças, desde a matéria-prima, a madeira, ao móvel delicado e exuberante destinado a palácios reais, desvendando os segredos da sua criação: os artesãos e as oficinas que estiveram na sua origem, os materiais de eleição, as técnicas e as ferramentas que permitiram a sua conceção. Para tal, revela-se imprescindível a parceria com a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, cujo conhecimento técnico permite imprimir à exposição um lado mais prático.
Desde o final do século XVII que a liberalização dos costumes vinha a acontecer, refletindo-se em muitos aspetos da sociedade, como na maneira de as pessoas se relacionarem e conviverem. Estas mudanças de comportamento vão-se fazer sentir nos ambientes interiores. O gosto pelo conforto, aliado ao requinte, assume uma importância cada vez maior na vida palaciana. O mobiliário acompanha as transformações da sociedade adaptando-se às novas necessidades.
Para responder às exigências de uma elite esclarecida e sofisticada, ávida de novidades, os marceneiros e ebanistas recorrem a algumas inovações técnicas. O móvel passa a ser pensado com uma funcionalidade específica, não esquecendo a sua vertente estética. O seu criador, seja arquiteto, ornamentalista ou mesmo artesão qualificado, vai ao encontro dos desejos da clientela, anunciando o design moderno.
Curadoria: Clara Serra
Fonte: https://gulbenkian.pt/agenda/a-idade-de-ouro-do-mobiliario-frances-da-oficina-ao-palacio