Programas Públicos / Public Programs Catarina Botelho, "qualquer coisa de intermédio" Pavilhão Branco 29 fevereiro / February 29 16h30 / 4.30pm "Habitar fissuras num tempo sem fissuras" conversa com André Barata 18h / 6pm Projeção do filme/performance O tempo das coisas, (trabalho em processo / work in progress) Catarina Botelho Video 47min Produzido no contexto do programa Apoio à criação (convocatória de produção) de "La Caixa" / Produced within the framework of ”la Caixa” Foundation’s programme to support artists "Habitar fissuras num tempo sem fissuras" conversa com André Barata Com a modernidade, o tempo tornou-se abstracto, espectral, desligado dos acontecimentos, uma estrutura impassível, sem fissuras. O que era também acontecimento e anúncio, Kayrós, passou a ser dispositivo de medida de acontecimentos, sobretudo humanos, munido de instrumentos sociais que o concretizem, a começar pelo relógio, o horário de trabalho, a produtividade, a acumulação. Pela medida do tempo, instalou-se um dispositivo artificial, cada vez mais desmaterializado, de conformação social. Neste quadro, fissurar esse fantasma em que se transformou o tempo tornou-se possibilidade de emancipação. Mas, além disso, habitar uma fissura, tornou-se a possibilidade de nos devolver uma experiência do espaço-tempo menos alienada, que volta a fazer ligamento com o mundo e a sua materialidade. A partir desta linha de pensamento, orlas, fronteiras, orografias, apropriação de espaços urbanos, suas ressignificações imaginativas, por exemplo o skate, serão tema de uma conversa sobre o nosso tempo-espaço. Professor na UBI (Universidade da Beira Interior), com interesses na filosofia social e política e no pensamento existencial e fenomenológico. Publicou vários livros, alguns de ensaio, mas também textos mais experimentais. Os seus principais livros de ensaio são Metáforas da Consciência, Campo das Letras, 2000; Primeiras Vontades, Documenta, 2012; E se parássemos de sobreviver?, Documenta, 2018. Também assina uma rubrica no Jornal Económico, com o título Pensar Devagar. ENG Inhabiting the fissures in a time without fissures conversation with André Barata With the modern age, time became abstract, spectral, disconnected from events, an impassive structure, without fissures. Kayrós, which also implied occurrence and announcement, came to be a device for measuring occurrences, especially human ones. Equipment and social instruments to achieve these measurements were first the clock, than the work timetable, productivity and accumulation. The measuring of time established an artificial, increasingly de-materialised device. In this context, opening fissures within a ghost that time has become, opened a possibility of emancipation. Beyond this, inhabiting those fissures made it possible for us to return to a less alienated experience of space-time that once again links with the world and its material quality. Starting with this line of thought, edges, borders, orography, appropriation of urban spaces and their imaginative redefinition, for example skateboarding, will be the theme of a conversation about our time-space. André Barata is a professor at UBI (University of Beira Interior) with an interest in social and political philosophy as well as existential and phenomenological thought. He has published several books of essays, but also more experimental texts. His main essay collections are Metáforas da Consciência, Campo das Letras, 2000; Primeiras Vontades, Documenta, 2012; and "E se parássemos de sobreviver?", Documenta, 2018. He also writes a column with the title "Pensar Devagar" for Jornal Económico. Projeção do filme O tempo das coisas, (trabalho em processo / work in progress) Catarina Botelho A productividade é hoje um valor central das sociedades ocidentalizadas. De formas mais ou menos conscientes acreditamos que temos que ocupar cada momento do nosso dia de maneira productiva. Poderá a casa ser um lugar onde seja possivel, resistir, pensar, sair de um tempo acelerado e entrar num tempo das coisas? Este projecto é uma reflexão sobre tempo e a vida. ENG The Time of Things (work in progress) Catarina Botelho Video 47min. Productivity is a key value in westernised societies today. In more or less conscious ways we believe that we must occupy each minute of our day in a productive way. Could the house be a place where it is possible to resist, to think, to leave behind that hurried time and enter a time of things? This project is a reflection on time and life.