O seminário dedica uma Mesa ao tema As histórias sagradas: da performance tradicional à contemporânea. São oradores as bailarinas Lajja Sambhavnath e Tarika Valli , bem como a artista plástica Cristina Ataíde. Após uma performance de Marta Bernardes, a segunda mesa é dedicada ao tema O sagrado feminino: do ritual à performance. Participam como oradores Pedro Ramos, coreógrafo, Eshani Lasya, artista multidisciplinar e Vera Eva Ham, especialista em Arqueologia do Movimento. Apresentada pela investigadora Ana Pais, a conferência de Ashmina Ranjit: Silence no Longer. The artivism of Ashmina Ranjit conclui o dia. Com base numa ideia da Performance como modalidade artística e crítica, desenvolve-se uma reflexão para a qual contribuem as perspectivas complementares de artistas e investigadores. Num campo sempremergente cruzando os territórios das Artes Performativas e das Artes Visuais, o debate será orientado para o foco crítico de um artivismo no feminino. OVNI Seminário em Performance parte da ideia de que é importante recomeçar continuamente o diálogo entre Ocidente e Oriente, nomeadamente em função de desafios culturais prementes, tanto para criadores como para os seus públicos. Já que tanto o contacto intercultural como os experimentos interdisciplinares são bases importantes para a emergência da consciência, o seminário propõe um mosaico de perspetivas soltas, mas potencialmente articuláveis como uma narrativa sobre o feminino, contribuindo para que o público possa estabelecer por si ligações, umas mais próximas (ou inusitadas) que outras, entre tradições e práticas, culturas e percursos pessoais. A Performance surge, portanto, como a disciplina artística que une este diálogo, cuja virtude é a efemeridade e a presença dos corpos – no caso deste seminário os corpos dos oradores e do público. Não sendo o corpo o tema central deste seminário não deixa de ser pertinente considerá-lo como elemento principal quer enquanto corpo-objeto ou corpo-sujeito que está em constante redefinição e reavaliação no contexto das artes performativas. Neste contexto em particular, em que a performance é um campo de investigação para debate cultural e especificamente intercultural, destacamos algumas dimensões: Histórias sagradas/mitologia: do saber tradicional à Performance Contemporânea; O Sagrado Feminino: uma constante cultural, do ritual à Performance; a Performance Contemporânea como modo operativo crítico no seio da Arte Contemporânea. Neste âmbito, o seminário procurará aprofundar a questão particularmente atual da Mulher e do Feminino, sobretudo como explicitada no pensamento de autores como Fritjof Capra ou Rajiv Malhotra, Mary Woodman ou Mother Maya Tiwari. O primeiro considera que a cultura ocidental tem favorecido sistematicamente o yang – valores e atitudes masculinos – negligenciando o complementar yin, seu contraponto feminino. O segundo, advogado da noção de embodied knowing, e particularmente empenhado em reverter o olhar analítico com que normalmente o Ocidente observa o Oriente, critica, na esfera da perspectiva dármica – em que existe uma profunda articulação, na experiência de cada ser, entre as ideias de divindade, cosmos e humanidade – o que define como ansiedade, no Ocidente, perante a diferença (colocando-a em contraste com o papel criativo do caos). Quanto a Mary Woodman ou Mother Maya Tiwari, implicadas num resgate do poder primordial feminino, ajudam a enquadrar o conceito de artivismo (artista visual + ativista) da Keynoter Ashmina Ranjit, cujas performances, enraizadas numa necessidade de revisitar a Cultura Tradicional Asiática na perspectiva da mulher, e em particular da mulher que pensa a comunidade e o seu poder, provocam inquietações sobre a temática subversiva do desejo e da sexualidade. A partir deste naipe de focos, entre conferências, conferências-performance e performances – uma destas em direto de Banaras, na Índia – o público pode reconstruir um território de problemáticas locais e globais, também experiencialmente.