Inauguração: 8 de Novembro, sexta-feira, às 18h A exposição "Antes do Início e Depois do Fim: Júlio Pomar e Hugo Canoilas", com curadoria de Sara Antónia Matos, dá seguimento a um programa de exposições do Atelier-Museu que, todos os anos, procura cruzar a obra de Júlio Pomar com a de outros artistas, de modo a estabelecer novas relações entre a obra do pintor e a contemporaneidade. Deste modo, esta exposição é pensada, desde a sua génese, como uma intervenção específica no espaço do Atelier-Museu. Ao longo dos vários meses, a exposição sofrerá, ciclicamente, algumas metamorfoses/ transformações. Numa abordagem ficcional que procura pensar sobre o que já estava antes do início do mundo (humanidade) e o que ficará depois do fim do mundo (humanidade), problematizando a relação da arte com a ideia de extinção, biodiversidade e de coexistência planetária, a exposição mostra por um lado a enorme diversidade de animais que Júlio Pomar representou ao longo de mais de 70 anos na sua obra, em diferentes técnicas e suportes. Combinando arte, investigação e documentação, o trabalho de Júlio Pomar é enformado por um património crítico que lhe permite abordar a natureza descontraidamente, sem pretensões de apresentar um conhecimento moldado pelos pressupostos da ciência. Natureza, olhar científico e olhar artístico conjugam-se num discurso que ultrapassa as determinações disciplinares e garantem um resultado final revelável em diferentes camadas de informação. Por outro lado, e em diálogo com a obra de Júlio Pomar, de Hugo Canoilas mostra-se um extenso corpo de trabalho que o artista tem desenvolvido nos últimos anos em torno de uma figuração por vezes pré-histórica ou pré-apocalíptica, e por vezes pós-apocalíptica, numa espectacular tentativa crítica de pensar sobre a sociedade, sobre a relação com a arte e com a natureza através da arte. O que implica a criação? E a percepção? Qual é a verdade da natureza? Quais são as origens do fazer artístico? No diálogo “O Declínio da Mentira”, Oscar Wilde sublinhava que “quanto mais estudamos a Arte, menos nos interessamos pela Natureza. O que a Arte realmente nos revela é a ausência de ordem na Natureza, as suas cruezas bizarras, a sua extraordinária monotonia, o seu estado irreparavelmente inacabado. (...) Quando olho para uma paisagem, não consigo deixar de ver todos os seus defeitos. E, no entanto, é uma sorte para nós que a Natureza seja tão imperfeita, pois, de outro modo, não teríamos tido arte absolutamente nenhuma” (in Intenções. Quatro ensaios sobre estética). No decurso da exposição publicar-se-á um catálogo [com edição do Atelier-Museu Júlio Pomar/ Documenta] e imagens das obras instaladas no espaço, e livro com uma entrevista com Hugo Canoilas, realizada ao longo de um extenso período, permitindo compreender, através da voz deste autor, as motivações e fundamentos inerentes às suas obras. O livro com a entrevista realizada a Hugo Canoilas e o catálogo será lançado durante o decorrer da exposição, em data a anunciar.