“Surpresa!” - disse A L I C E ao sair do chapéu. Surpresa de facto, enquanto pulamos do sofá depois de uma noite de lamúrias sobre a saudade dos nossos encontros. “12 de Outubro estamos de volta. Levantem-se, há que esticar! Ar no pulmão, vamos lá!” Tragam o corpo de verão: há um aniversário para celebrar! 24h Amulador 03h CHPTR live 4h Deepbass 6h Reggy van Oers Bilhetes em https://xceed.me/list/ministerium-club/event/lisboa/77727 e https://www.residentadvisor.net/events/1321668 12€ com oferta de cerveja até às 2hs Deepbass. “Hmmm, já ouvi este nome.” - murmurou A L I C E fazendo uma pesquisa interior. E tinha razão, Darren Roberts é um velho conhecido do salão de baile lisboeta, tendo por cá servido música em Dezembro de 2014. A efeméride do escocês, que perdura ainda em memória colectiva, tem, aliás, raízes mais profundas, visto que segue uma outra em 2013, onde através da editora portuguesa Reaktivate, assinou uma remistura. Chegou-nos o zumzum que desde então o seu techno tenso e sério evoluiu e se tornou mais etéreo, mais alegre o que aguçou a vontade de o rever. “Sim, passou demasiado tempo.” - pensou A L I C E, e nesse instante decidiu voar até Barcelona e sussurrar-lhe ao ouvido: “Espero-te no Terreiro do Paço, juntos faremos dançar o Tejo.” _____ Telemorph. O nome da editora de Reggy van Oers parece escolhido a dedo para descrever o túnel da nossa A L I C E. A ideia é simples: viver entre a escuridão e a luz, tal como o Reggy. Em paralelo à editora, a série de eventos Morph representa bem a atitude vanguardista do nosso convidado, onde alia instalações visuais ao techno atmosférico e hipnótico que tem desenvolvido. A complexidade de Reggy e das ambiências que procura têm epílogo no álbum Taciturn Manner, onde explora o experimentalismo das gravações de campo e batidas para a pista de dança. “Trazer o mundo inteiro para a pista, sim!” - exclamou A L I C E, sonhando acordada com a noite que tinha preparado. _____ Uma cidade que vive em rearranjo permanente merece um contraponto, uma fuga, e os CHPTR podem descrever-se como sendo uma mudança de paradigma. Da avidez construtiva para o mundo etéreo e cerebral que nos alimenta, assim decretou A L I C E, que tanto gosta de desafios como de certezas. A dupla parece destinada a cumprir a profecia e é com muita curiosidade e algum formigueiro que os aguardarmos no dia 12. A nossa casa esteve o Verão todo à espera de sentir movimento e cor, e as tapeçarias sonoras que Darren Roberts e Reggy van Oers constroem são exactamente o elixir de vida de que precisamos. “Pendurem-nas nas paredes do túnel e façam-nos dançar.” - concluiu A L I C E pousando os auscultadores depois de ouvir o álbum ’Narrative’ várias vezes. __________ Os dias viajam depressa e as memórias adaptam-se à mesma velocidade. E é apressada alegria que A L I C E sente ao observar, ao longe e por entre a densidade da neblina que o envolve, a chegada de um dos seus fundadores. Nos últimos anos Amulador forjou uma série de projectos que transcendem a sua cidade e as suas gentes, e a forma como estes contribuíram para a metamorfose sónica da electrónica de dança nacional é incontornável. É hoje um dos maiores impulsionadores do techno groovy e de ambiências profundas e orgânicas, vertente tão humana e subtil que parece construída à mão. “Vou convidá-lo para umas castanhas no Outono.”, disse A L I C E enquanto descia vagarosamente de um velho castanheiro.
