Manifestação pelo direito à habitação e à cidade. Se nos expulsam das casas que habitamos, vamos para a rua e levamos a mobília toda. Se o despejo é coletivo, assim é a mudança. Vem! Com o teu sofá. Com o guarda-roupa. Com caixas de cartão. Ocupar uma das ruas mais caras da cidade. Traz a mobília e braços para a mudança! Às 15h ocupamos a Avenida da Liberdade (parte de baixo, junto aos Restauradores) Às 16h juntamo-nos numa mega assembleia de pessoas e movimentos Às 18h fazemos a mudança! _____ Porque nos querem expulsar das casas e dos bairros que habitamos, porque nos excluem da cidade: HabitACÇÃO! Insurgimo-nos para dizer que não aceitamos a lógica da cidade-lucro, do bairro-montra e da casa-investimento. Essa é a lógica dos investidores especuladores, que nos tentam convencer que o lucro é mais importante do que as nossas vidas, e dos governantes, que estão reféns dos interesses privados, e nos dizem que não existem alternativas. Constroem-se cidades para ricos, enquanto milhares de pessoas são obrigadas a abandonar as suas casas, as suas ruas, os seus modos de sustento e as suas redes afetivas. Insurgimo-nos para dizer que não podem ser as leis deles, as leis do mercado, a dizerem-nos como e onde podemos viver. Queremos casas que sirvam para morar, bairros onde possamos construir as nossas vidas, e cidades decididas por quem nelas vive. Querem expulsar-nos. Resistimos e ficamos! Fazemos-lhes frente e decidimos o nosso futuro coletivamente. Dia 29 saímos à rua, ocupamos o espaço público, construímos redes de solidariedade e criamos movimento. Queremos viver nos nossos bairros: exigimos o fim dos despejos e unimo-nos por uma cidade mais justa. Desafiamos o sistema capitalista, que destrói o nosso planeta e nos expulsa dos espaços que habitamos. As nossas vidas são mais importantes do que o lucro. SOMOS CASA, BAIRRO, CIDADE! Queremos: 1. O fim dos despejos e das demolições sem alternativa Há despejos porque o contrato de arrendamento não foi renovado, há despejos porque os governantes decidiram demolir as nossas casas, há despejos porque não aguentamos pagar rendas tão altas, há despejos porque não conseguimos pagar a casa ao banco… E não há alternativas. Queremos acabar com esta violência. Exigimos que não haja nem mais um despejo sem alternativa de habitação digna. 2. A regulação das rendas As rendas são impagáveis e os ordenados são mínimos. Queremos tectos máximos de renda e propomos a indexação do valor das rendas ao ordenado mínimo nacional. Se temos um ordenado mínimo, porque não uma renda máxima? 3. Mais habitação pública de qualidade Os países europeus que melhor se defendem contra as crises do imobiliário são os que têm mais habitação pública. São exemplos a Holanda, em que 34% da habitação é social, a Áustria, com 26%, e a França, com 19%. Em Portugal temos menos de 3%. Queremos políticas de habitação que diminuam as desigualdades sociais e impeçam a segregação étnico-racial. Sabemos que é possível ter mais e melhor habitação pública para toda a gente. 4. Usufruir do espaço público e de espaços sociais Há praças, largos e passeios ao abandono e muitos concessionados a privados. Os espaços sociais, como associações e coletividades, estão a ser despejados para dar lugar a hotéis e residências de luxo. O comércio local está a desaparecer. Temos o direito a usufruir do espaço público e precisamos de espaços sociais de encontro onde possamos conviver, construir, e discutir a nossa vida coletiva. Queremos espaço público realmente público, cuidado e não mercantilizado, e o fim dos despejos dos espaços coletivos e do pequeno comércio. 5. Uma mudança radical no modelo de governança e de desenvolvimento das cidades As cidades têm sido planeadas e construídas para o lucro e não para as pessoas que nela vivem. Reclamamos a cidade! Propomos a diminuição efetiva do número de apartamentos turísticos, a expropriação dos monstros imobiliários como a Apollo, e o fim dos Vistos Gold e dos benefícios fiscais para os especuladores e para o luxo. Basta de casas vazias sem motivo! As nossas cidades não estão à venda! Isto é um apelo. Somos pessoas e coletivos em luta para reclamar o direito aos espaços em que vivemos e chamamos todxs à acção, à participação, ao protesto. O que acontece não é inevitável, é o resultado de políticas promovidas pelos poucos que têm muito. Somos mais do que eles. Temos de nos unir para reclamar o direito aos espaços que habitamos, para decidir em conjunto sobre a cidade que queremos. Podemos e devemos sonhar com outros modelos de cidade. Pelo fim da especulação, da gentrificação, da turistificação, da demolição e da expulsão. Por uma cidade de todas e de todos: HabitACÇÃO!