Entrada: 15€ | Bilhetes disponíveis na Flur Discos, Tabacaria Martins e ZDB (segunda a sábado 22h-02h) _ Colin Stetson na Igreja St. George Um músico multifacetado, hiperativo que expande as possibilidades sónicas do saxofone. Alguém que transfigura a respiração e o fôlego em qualidades musicais, portanto do espírito. Nesta frase, podia descrever-se Colin Stetson, natural de Ann Arbour (cidade de Michigan, estado que também nos deu Steve Mackay, o mítico saxofonista tenor dos Stooges), colaborador de gente tão ilustre quanto Tom Waits, Arcade Fire, Laurie Anderson, Lou Reed, Godspeed You! Black Emperor, Animal Collective, LCD Soundsystem, Hamid Drake, David Byrne, Bill Laswell, Evan Parker, The Chemical Brothers ou Anthony Braxton. Apresentado assim, Stetson correria o risco de ser confundido com o típico músico de digressão, o instrumentista competente e requisitado, mas razoavelmente anónimo. Um colaborador. Enganam-se, (sem desprimor para tantos músicos) Stetson é o sujeito de uma discografia composta de álbuns a solo, colaborações e música para filmes, entre os quais, o trabalho mais recente, Hereditary para o filme homónimo de Ari Aster. Mas fale-se da sua música. Nela escuta-se algo que não deve ser reduzido à categoria “jazz” ou às impressões que tradicionalmente consagramos aos instrumentos de sopro. É música em que a voz, a percussão e melodia se entrelaçam em movimentos sinfónicos, impressionistas, violentos, em ritmos quase dançáveis. Num ritual, numa cerimónia feita de vários actos, com o corpo a dar sons ao mundo. Será despropositado dizer que All This I Do for Glory (disco lançado em 2017) é um disco de pós-jazz, mas quem negará que as suas seis faixas desenham um mosaico de linhas, caminhos, direcções pelas quais circulam Steve Reich, Henryk Górecki, Dan Deacon, Lightning Bolt, Animal Collective, Battles, Seth Misterka, Autechre ou Aphex Twin? A hibridez da obra de Colin Stetson, a sua fuga à monotonia de um género ou história são aspectos evidentes. Dito, isto está profundamente ancorada num actuação, numa performance individual, em que o músico agrega, concilia no espaço, os instrumentos e o corpo (sem fazer deste um instrumento). Para nos oferecer composições das quais emergem canções. É delas que se fará, sem limites, a música sacra deste saxofonista no seu primeiro concerto em Lisboa. Sob a arquitectura da Igreja St. George. JM