Jasmim apresenta "Oitavo Mar" no Musicbox. A primeira parte é de Planeta Tundra. JASMIM A idade do Martim bem que poderia ser para aqui chamada mas o espanto que o talento emanado pelos de calendário curto importa cada vez menos. O que sobrevém existe e deve ser notado porque resulta das vísceras e do querer fazer. Meio que desengonçadamente, o lisboeta, que já estudou cinema, acabou por dar trabalho aos dedos ao serviço dos Mighty Sands, um dos produtos da fecunda editora Spring Toast. Por lá vai serpenteando notas e acordes em teclados que, somados a mais instrumentos, executados por engenhosos e diletantes artistas, fazem do colectivo um dos projectos mais interessantes dos últimos tempos da música lusa. No entanto, havia um espaço mais fundo que Martim queria ocupar e transpirar, uma dimensão necessitada de outra largura e precisa de individualidade. Assim, os elementos que rumorejavam a sua imaginação repousaram, num cicio quase acidental – adjetivemo-lo como mágico -, no alter-ego Jasmim. A poesia, a natureza, os outros e Martim com os outros, têm agora um lugar que se destapa ao mundo para, com melodias e palavras encantatórias, ser um acrescento maior e feliz das nossas vidas. A formação de Jasmim é constituída pelo músico (Martim Braz Teixeira de registo notarial), na guitarra e voz, Violeta, flauta transversal e teclas, Bia Diniz, baixo e Pedro Morrisson, bateria. O título “Oitavo Mar” serve de introdução e apresentação à arte de Jasmim. Em cinco temas que somados resultam em pouco mais de 26 minutos, tudo parece flutuar numa airosidade graciosa, quase envergonhada: círculos em câmara lenta num lago secreto assombreado de frescura e perfume. As canções “Paraíso”, “Caio”, “Sem Pressa”, “Loucura” e “João”, avançam estendidas em narrativas descomplicadas mas frondosas de matéria - bonitas -, ritmos que não reclamam urgência, voos harmónicos e melódicos embriagantes a reclamarem cores suaves. Quando se ouvem as composições de Jasmim, sente-se uma espécie de conforto afectuoso, uma brandura próxima de quem nos parece cantar ao ouvido para, sem pudores, dizer do coração. A estreia em formato Ep de Jasmim é um tratado íntimo e belo de quem não pede muito mas dá tudo para sermos delicadamente servidos. Mais do que ouvir, receber “Oitavo Mar”. PLANETA TUNDRA É em 2015 que o projecto começa a ganhar forma pela mão de Tiago Martins e Ricardo Amaral. Incentivados pela vontade de querer juntar soul, indie e hip-hop na mesma canção, movidos pelo balanço de um baixo pomposo, teclados espaciais e guitarras surrealistas, começam assim a esboçar as primeiras paisagens sónicas que definem o primeiro EP - Vigantol, que conta com as baterias de Luis Barros. É a levitar num balão de ar quente que se sentem confortáveis, entre a terra e o céu, ao sabor do vento, e é aí que as suas músicas tendem a surgir de forma espontânea. As composições que integram este registo são testemunha da viagem sónica que os Planeta Tundra nos proporcionam e piscam o olho a quem quiser entrar nela.