Produção: Câmara Municipal do Funchal Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia Sinopse: “O ano da morte de Ricardo Reis” Pessoa morreu. Ricardo Reis atravessa o mesmo mar que o levou para longe, regressa a Lisboa. A cidade a seus pés encontra-se imersa em chuva, nebulosa cinzenta, oprimida, sem alma, parece fazer o luto do Poeta. Há ventos de guerra à distância, que os jornais calam, que as bocas calam, que o regime cala. Ricardo Reis regressa mas não se sente em casa. Numa espiral labiríntica, num jogo de espelhos de amores platónicos e fugas carnais, percorre o caminho sinuoso entre os binómios do sagrado e o profano, entre o médico e o poeta, entre países, entre identidades, e nesse percurso parece estar mais alienado, mais distante de si e dos outros do que nunca. Portugal está paralisado, refém de um líder autoritário. Lisboa atormenta-o, confunde-o, parece envolta em nevoeiro, fá-lo perder-se no labirinto de ruas, não o abraça. O País, não o reconhece, apenas o observa, qual espectador indiferente perante uma encenação medíocre. Mil portas se abrem mil outras se fecham, e Pessoa, Pessoa que o conforta e o incomoda - mas afinal não está morto? - Pessoa que o acompanha, com mil máscaras e ardis, questionando quem dos dois é real e quem não o é. Pessoa, que percorre a seu lado as ruas reais e imaginárias de Lisboa, e num tempo vazio, o longo caminho entre a vida e a morte. Apresentação do projeto: A proposta de transformar em obra de palco uma prosa saramaguiana é irrecusável para qualquer criativo. Neste caso, “O ano da morte de Ricardo Reis”, ainda mais, por envolver-nos num universo de Pessoa, juntando numa obra apenas, os dois gigantes maiores da literatura portuguesa moderna. A nossa premissa, de criar um bailado baseado na obra do Nobel Português, tem como intenção explorar o simbolismo e o surrealismo da obra, não esquecendo no entanto, a contextualização histórica do país e do mundo. A proposta de acompanhar a coreografia do bailado, com músicos ao vivo e uma composição original, assim como actores, a explorar as palavras habilmente tecidas na obra, numa encenação minimalista e intimista, e apresentá-lo a um público exigente, (que inclui em grande parte, uma população escolar que estuda a obra a fundo), é um desafio que aceitamos com imenso agrado. A exploração e desfragmentação de obras literárias, em linguagens musicais, teatrais e de dança é o tipo de projetos que une com entusiasmo esta equipa experiente de criativos, sendo a mesma equipa responsável pelo bailado “Flor Bela e Louca”, uma exploração da vida e obra de Florbela Espanca, ou “O que faz falta”, um tributo a Zeca Afonso, entre outros. A equipa de criativos constituída por dois músicos e compositores, uma coreógrafa e bailarina e uma argumentista, é jovem, empenhada, energética e verdadeiramente apaixonada por estes formatos de espetáculo, e enfrenta desafios como o proposto com o otimismo e coragem necessários. Bilhetes: 7€