"Um de nós" não é uma peça de teatro no sentido tradicional do termo, mas antes uma espécie de apresentação sobre política, o amor, nós próprios… É uma peça construída rigorosamente em três partes diferentes. A primeira contém cerca de 200 declarações sobre política. Começam todas com as palavras “Na política…” e acabam em opiniões, afirmações mais ou menos rigorosas, clichés e outras supostas verdades que conhecemos de conversas de café, da televisão ou da Internet. Aparentemente dizem qualquer coisa de verdadeiro sobre política, mas, ao mesmo tempo, são facilmente refutáveis. A acumulação de declarações ilustra a complexidade do tema. Tudo o que tem que ver com política é referido: estratégia, traição, compromisso, senso comum… A segunda parte apresenta um número idêntico de declarações que começam com as palavras “No amor…”. O conjunto de afirmações sobre o amor implica um redimensionamento da primeira parte. Depois da política e da vida pública, passamos às relações amorosas. Ambos os sistemas de relacionamento apresentam problemas similares, o que é ilustrado de forma divertida pelo facto de a maioria das afirmações sobre a política se aplicarem também ao amor. A maior diferença é o grau de envolvimento emocional. Este envolvimento é a chave para a terceira parte, em que somos confrontados com uma coletânea de fait-divers, confissões e segredos pessoais dos próprios atores. A redução da escala continua: da política, através das relações pessoais ao indivíduo. Assim, cada frase desta terceira parte começa com as palavras “Um de nós…”. O texto é criado em colaboração com os atores: durante o periodo dos ensaios cada um recebe uma série de perguntas — algumas gerais, outras bastante íntimas — às quais podem responder em anonimato, através de um endereço de e-mail criado de propósito. As respostas são autênticas, mas ninguém sabe a quem pertence cada declaração ou confissão. Espetáculo produzido pela Companhia Maior. M/12 anos