SINOPSE 1º ATO O pano sobe ao som de uma multidão que consome um cenário português. Chove açúcar de várias nacionalidades. Um sol fantástico nasce e ilumina a cena. Uma praia a ocidente. Estamos num arraial de Fevereiro. Música. O som do mar também se ouve. Uma cadeira de nadador salvador transparente à direita média. À esquerda, a porta que dá para o centro comercial com uma fonte de diamantes caramelizados que gira sobre si mesma. Está cada vez mais calor e a música torna-se cada vez mais alegre. Uma cena lindíssima. Caem pétalas na ribalta. A orquestra toca a abertura da peça. Uma corista de acrílico corre pela balaustrada, enquanto canta. À esquerda média, um galo tenta desenfreadamente encontrar um grão perdido por entre a areia. Desce da teia uma cortina marisol. Oito cachorrinhos mortos, sorridentes mas desolados, conversam sobre o fogo-de-artifício a que estão a assistir. 2º ATO O palco está vazio. Há um vago cheiro a anestesia. _____________, uma palavra projetada. Um espesso nevoeiro invade a cena. Algo não está bem com o clima, sim, ninguém está bom do clima. Há qualquer coisa que _____________. A memória esvai-se, mas não há lobotomia. O cronometro dita o ritmo de uma opinião. Faz a fila andar. Hoje ninguém sai daqui, nem a _____________. Hoje ninguém _____________, apesar de que ainda existe _____________. Algo, ou alguém, parece ter sido morto fora de cena. Ainda assim, não é isso ou esse que _____________. Um corpo ergue-se por entre a lama. _____________-lhe um figurino de vários tamanhos, texturas e cores. Percebe que está acompanhado, não sabemos por quem. _____________m didascálias. 3º ATO Resistência. FICHA TÉCNICA Conceção e direção: SillySeason Interpretação: Ana Sampaio e Maia, Carolina Caramelo, Cátia Tomé, Ivo Saraiva e Silva, João Cristóvão Leitão, Ricardo Remédio, Ricardo Teixeira, Rui Palma e Victor Gomes Música e sonoplastia: Ricardo Remédio Vídeo: João Cristóvão Leitão Cenografia, adereços e figurinos: SillySeason e Inês Ariana Design de luz: Carolina Caramelo Produção: SillySeason Produção executiva: Cátia Tomé e Ricardo Teixeira Assessoria de imprensa: Tiago Mansilha Fotografia: Rui Palma Apoios: ACDM – Associação Cultural Desportiva de Mindelo, APCOR - Associação Portuguesa de Cortiça, Balleteatro, Cão Solteiro, DuplaCena, Emboscada, MTConsulting, Pólo Cultural Gaivotas Boavista | Câmara Municipal de Lisboa, Rua das Gaivotas6, Universidade Sénior de Amarante, Visões Úteis Patrocínios: C.R. Cortiças, Realcork, Iki Mobile, Viking Cortiças Residência: 23 Milhas - Fábrica das Ideias Agradecimentos: Alexandre Sá, Ana Fernandes - Griffehairstyle, Ana Vassalo, Claúdia Gonçalves, Claúdia Pimenta, Cristina Correia, Daniela Casimiro, DuplaCena, Enrique Escamilla, ETCetera, Isabel Barros, Joana Peralta, João Pedro Fonseca, João Pedro Vale, João Sousa Cardoso, Mariana Sá Nogueira, Miguel Leitão, Nuno Alexandre Ferreira, Nuno Queirós, O Espaço do Tempo, Paula Sá Nogueira, Paula Trigo, Pia Kramer, Raquel Rocha Vieira, Ruben Berenguer, Videolotion. Agradecimento especial às nossas famílias. Co-produção | financiamento: Câmara Municipal do Porto SUGAR partiu da peça norte-americana Subitamente no Verão Passado, de Tennessee Williams, para rapidamente a abandonar num ato deliberado, e profundamente consciente, de busca de liberdade cénica e dramatúrgica. SUGAR aprofunda os vários elementos que compõem o espetáculo de teatro, explora os conceitos de fotografia e memória na sua correlação artística, questiona as relações de poder entre o individual e o coletivo através da sua memória ou História comuns e falibilidade das mesmas, requalifica a participação do público na concepção do objeto artístico, e redefine o fenómeno performativo e concepção espacial cénica. A construção dramatúrgica de SUGAR parte da pesquisa, do debate, de improvisações formais e do estabelecimento de colaborações artísticas com vista ao enriquecimento discursivo e ao confronto de ideias, na tentativa de contrariar a criação teatral devedora de uma prática e de uma tradição logocêntricas (“E não nos deixeis cair em tradição.”). SUGAR está dividido em três partes distintas, material e formalmente, abordando diferentes temáticas. A primeira passa-se integralmente no palco, onde estão reunidos público e intérpretes, sujeitando-se ao convite para “embarcar” num percurso imaginário, entre peças e instalações vivas de arte contemporânea. Questionam-se os conceitos de portugalidade, atração, desejo, consumo, sujeição e irreversibilidade, através da construção de uma montra idílica que nos remete para a actualidade da ‘invasão’ turística. A segunda parte, já com o público no lugar da plateia, desenvolve-se em contra-relógio, ou seja, há um tempo cronometrado para cada ação e uma urgência na prova da veracidade dos fatos vividos na primeira parte do espetáculo. Cumprindo a regra do tempo, são expostas várias versões de uma memória vivida, na primeira parte, por todos os presentes. As várias cenas suceder-se-ão enquanto manifestos artísticos em franca dialética com o conceito de pós-verdade. Por fim, a terceira e última parte do espetáculo assume-se enquanto ato de resistência. É composta e estruturada para incorporar um certo grau de imprevisibilidade, e, tal como a primeira parte, deverá ser actualizada mediante a participação mais ou menos ativa do público presente, atribuindo ao espetáculo um carácter cíclico e de loop irremediável. M/12 80 min