“Escrevo um verso na água”, é o mais recente título de Fernando Fitas, jornalista e poeta natural de Campo Maior, cuja actividade poética tem sido objecto de reconhecimento não apenas em Portugal, onde aliás, já conquistou vários prémios, mas também além-fronteiras, como é exemplo o Prémio de Poesia Cidade de Ourense, Galiza. A obra ora dada à estampa, versando o tema dos naufrágios ocorridos no Mediterrâneo, os quais desde a eclosão da guerra na Síria, transformaram este mar num dos maiores cemitérios da actualidade, constitui um libelo acusatória à indiferença com que o mundo tem olhado para o drama daqueles que se viram obrigados a fugir do seu país para salvar a vida. Prefaciado por Manuel Ambrósio Sanchez, professor de literaturas latinas da Universidade de Salamanca, e ilustrado por Eduardo Palaio, é um grito de alerta contra o alheamento que tem caracterizado este problema e a intolerância com que os refugiados, em muitos casos, têm sido tratados por algumas franjas da população portuguesa, situação que assume contornos de paradoxo, pois quem a protagoniza parece esquecer-se do flagelo da emigração ocorrido em Portugal nos anos sessenta do século passado. De acordo ainda com prefaciador “este tremendo canto, é um longo lamento pelo desenraizamento que, de um modo ou outro, todos sofremos, especialmente aqueles que, como o autor, por razões diversas se viram obrigados a abandonar a sua terra de origem e com isso perderam a ligação íntima com o espaço, com a aldeia, com a casa natal”. Editada pela Associação Cultural e de Solidariedade Ramiro Freitas, a aludida obra, reuniu o apoio de várias entidades, entre as quais o Município de Campo Maior.