ANTÓNIO VARIAÇÕES CAMALEÓNICO de Francisco Mesquita A obra a apresentar é estática. Porém, será interativa, na medida em que alguns elementos gráficos são constituídos por materiais inteligentes (pigmentos termocromáticos), que mudam de cor, de acordo com a temperatura. A obra pode ser visualizada/usufruída sem que o espectador interaja com ela, mas tem a possibilidade de o fazer, uma vez que fomenta uma ação não apenas contemplativa, abrindo vários espaços interpretativos e que, inclusive, podem remeter para espaços individuais, no sentido da OBRA ABERTA de Umberto Eco. Esta atitude de interação tem na descoberta, na participação e na exploração a força motriz que define a profundidade de entendimento da obra: a imagem de António Variações. Interessa, assim, realçar as suas possibilidades mutantes, através dos elementos gráficos que a materializam. Este carácter de obra não estática permite uma relação obra-recetor, ficando a cargo deste último, a definição desse contato e dos significados daí decorrentes. Coexistem, por isso, várias obras, fisicamente falando, dentro da mesma. Em síntese, o diálogo do objeto plástico com o recetor, abre uma dimensão a significados plurais que reforça a relação obra-recetor e que pretende conotar a própria obra do António Variações. COROA SEM CABEÇA de António Olaio Na mão, uma longuíssima cabeleira vermelha, como uma chama. COROA SEM CABEÇA, esta cabeleira exibe o esplendor dos seus cabelos à medida que vai sendo cortada. DEOLINDA – UM CONTO DE NATAL de Margarida Correia DEOLINDA – UM CONTO DE NATAL apropria-se de universos distintos. A performance acontece em Dezembro e, sendo este um mês dominado pela exuberância ornamental do Natal, difícil é resistir à tentação de o usar como matéria ao falar de António Variações. DEOLINDA – COM CONTO DE NATAL põe em jogo uma visualidade sem limites, um universo afetivo pessoal e as potencialidades musicais de tudo isto. Aqui fala-se de Deolinda, mãe querida, e de António, ao evocar uma estética como a do Natal que, não sendo a de Variações, é, como ele próprio, excessiva e amável, imensa e doméstica, privada e pública. VARIAÇÕES VÁRIAS de Vanda Madureira e Rosa Baptista, com o performer Paulo Correia As Variações acontecem em 2003, quando Rosa oferece a Vanda um painel de um Anjo para que ela possa cantar “eu tenho um anjo, anjo da guarda, que me protege de noite e de dia…”. Assim, em 2017, ambas propõem Variações Várias, fazendo um encontro e materializando um grande painel, construído com a colaboração de vári@s artistas e amig@s, entre el@s Agláize Damasceno, Antónia Labaredas, Ana Rita António, Carmo Almeida, Clarissa Serafim, Cristina Assunção, Daniel Lima, Daniel Moreira e Rita Castro Neves, Fernanda Pedro, Francisca Branco, Graça Santos, Jorge Cabrera, Júlia Cruz, Maria Pereira, Micaela Mestre, Pedro Pousada, Sara Santos, Sofia Borges, Stéphane Blumi, Zélia Évora. PESSOA LÊ VARIAÇÕES de Nuno Meireles Fernando Pessoa, lisonjeado pelo afeto literário de António Variações, decide finalmente sair de Lisboa para ler em público as letras do cantor minhoto. Entre poemas e letras, Pessoa conta como descobriu Variações, como lhe agradou ouvir cantado o seu próprio poema “Canção” e ainda outras afinidades que sente com o jovem cantor. Pessoa, ao ler para o público as palavras de Variações, afirma-se como leitor atento dos jovens poetas e retribui assim a admiração que Variações confessara. PESSOA LÊ VARIAÇÕES valoriza as letras de Variações e torna performance a intertextualidade entre os dois poetas, como se acontecera influenciarem-se mutuamente. Trata-se de um cruzamento entre sessão de poesia, teatro e comentário humorado; entre duas literaturas e dois autores, os dois poetas, como se “PESSOA LÊ VARIAÇÕES fosse uma variação sobre Pessoa e Variações. POP & AIDS conceção e produção de José Geraldo, interpretação de José Geraldo e Helena Faria, tratamento de imagem de Gonçalo Barros POP & AIDS é uma performance que usa a narração oral, alguma encenação teatral, a declamação de letras de canções, o canto e a projeção de imagens para recriar uma experiência pessoal: a descoberta da música de António Variações (e Klaus Nomi) quando ia cortar o cabelo, no início dos anos 1980, em Coimbra. O cabeleireiro era Guilherme Pais, que tinha um pequeno e modesto salão na baixa da cidade, a que se acedia por umas escadas escuras e estreitas, e que morreu de SIDA ainda nessa década, tal como António Variações (1944-1984), também ele cabeleireiro, e Klaus Nomi (1944-1983), cuja música (em cassete) tocava repetidamente na aparelhagem de som doméstica do salão. A performance conta a história dessas idas ao cabeleireiro e da descoberta da música pop desses primeiros cantores a morrer de SIDA, uma doença ainda pouco conhecida nesses tempos. Para isso, junta memórias e depoimentos sobre Guilherme Pais, que são encenados e ilustrados com a projeção de algumas fotografias de época, há muito tempo guardadas, com temas retirados dos discos de Klaus Nomi e António Variações, interpretados ao vivo. 1h30 entrada gratuita