“Poríferos Preciosos” - cerâmicas de Thomas Mendonça de 03 de Agosto a 03 de Setembro de 2017 Teatro Taborda - Costa do Castelo, 75 - Lisboa “Poríferos Preciosos” é um conjunto de esculturas - em constante desenvolvimento - representativas dos poríferos recolhidos entre o oceano de amoníaco em Tritão, os vários mares subterrâneos de Ganímedes, Encélado, Titã e Mimas, um possível rio de nitrogénio em Plutão, e os lagos sólidos de Ceres, Calisto e Europa. Elas são a tentativa concretizada de dar corpo à mistura entre os poríferos que por aqui conhecemos e aquilo que imagino quando penso num mar gasoso na outra ponta do sistema solar. Fazem a ligação entre as influências formais que colho nos campos de corais e o luxo que é poder fantasiar - sem medo - acerca do (quase) desconhecido. Por falar em luxo, estes poríferos não são feitos de pedras preciosas e nada do que neles reluz é ouro, a sua preciosidade reside-lhe nas entranhas. Como nos meninos mais gentis, onde o interior conta acima de tudo, são os seus corações que melhor deverão ser preservados. Todos estes animais que parecem calhaus – nem sempre providos de olhos - carregam em si os meus sentimentos mais profundos, ainda que por vezes relativamente superficiais, dependendo da melodia de cada dia. As palavras inscritas nos seus interiores surgem com o intuito de potenciar um fascínio de outra natureza para além do possível fascínio estético. Condicionando a sua visibilidade, estas podem muito facilmente passar despercebidas. Tudo isto ganha um sentido ainda mais profundo quando se trata de uma escultura cujo o interior é totalmente inacessível ao olhar e onde estas inscrições acabam por estar presentes sem propriamente existirem, uma vez que nunca se deixam revelar. Creio profundamente na relação intimista que este jogo especulativo - acerca daquilo que poderá ou não conter uma determinada escultura - estabelece entre o espectador e a escultura em questão. Alimento essa relação pois agrada-me a ideia que terceiros possam descarregar os seus próprios sentimentos e/ou inscrever mentalmente as suas próprias palavras no interior de cada uma delas. Desta vez, os poríferos habitam um ambiente que lhes é próprio. Encontram-se envoltos num rizoma artificial. "Rizoma" - cuja autoria partilho com Madalena Braga e Murta - é uma instalação que propõe oferecer uma segunda (ou terceira, ou outra) existência a plásticos recolhidos por aí. O conceito de rizoma na botânica refere-se aos órgãos de reprodução vegetativa ou assexuada de diversas plantas, um tipo de caules que crescem horizontalmente, geralmente subterrâneos, mas podendo também ter porções aéreas. Ao contrário das raízes, os rizomas não se regem por uma lógica de crescimento binária baseado no Número de Ouro (1, 2, 3, 5, 8, 13...). O seu crescimento efectua-se de forma perfeitamente aleatória, os rebentos podem ramificar-se em qualquer ponto, assim como engrossar e transformar-se em bulbo ou tubérculos. O crescimento aleatório de "Rizoma", de uma instalação sem limites definidos, de uma mancha suspensa que se distribui e se apropria do espaço com o faria qualquer fungo ou epidemia. Madalena Braga nasceu em Lisboa, Portugal, em 1992. Começou o seu percurso na área do design na Escola Secundária e Artística António Arroio no curso de Design de Produto, tendo-se licenciado mais tarde, no ano 2013, em Design Industrial na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Desde pequena que gosta do mundo das histórias, onde opta por registá-las através da ilustração que posteriormente se transformam em objectos, como se fossem as suas fábulas que ganham uma dimensão poética através de diferentes formas de expressão artística. www.cargocollective.com/madalena-braga Murta aka Teresa Gomes nasce a 5 de Janeiro de 1993. Estudou nas Caldas da Rainha, onde viveu 3 anos, e concluiu a licenciatura de Artes Plásticas pela ESAD.cr. Foi residente na Casa da Praia, em 2015, enquanto concluía o curso de design gráfico na ETIC, em Lisboa, cidade onde vive e trabalha. O seu trabalho reflecte o seu interesse pela natureza e pela representação da mesma, desde o belo ao repugnante, contudo, de uma forma mais sensorial que figurativa. Da Natureza retira as suas “primeiras impressões” e dá uso à ingenuidade com que vê(vemos) as coisas que a(nos) rodeiam - faz delas combustível da imaginação. www.cargocollective.com/murta/ Thomas Mendonça (n.1991, França), artista plástico, frequentou o curso de Produção em Têxteis na Escola Secundária Artística António Arroio e a licenciatura de Artes Plásticas da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, trabalha e reside em Lisboa onde expõe regularmente. Os seus focos de interesse distribuem-se entre melodramas sentimentais, cultura pós-pop e a beleza da singularidade icónica no geral. Expressa-se maioritariamente através do desenho e da cerâmica. www.thomasmendonca.weebly.com