Este ano, em Lisboa, os escritores Filomena Marona Beja, Jacinto Lucas Pires, Lígia Soares, Miguel Cardoso, Miguel Castro Caldas e Nuno Milagre encontram-se com grupos de «zangados com a leitura» da Casa Damião, Centro de Apoio Social de S. Bento, Conselho Português para os Refugiados, Escola do Castelo, Escola Secundária Gil Vicente e GAT/IN-Mouraria. Os textos serão ilustrados por Bárbara Assis Pacheco, Catarina Sobral, João Cabaço, Marta Caldas e Pierre Pratt. No domingo, os textos resultantes deste encontro em Lisboa, bem como os textos de Amiens, Porto e outros sítios, serão editados numa brochura e lidos em sessão pública por Antonino Solmer, Carla Galvão, Diogo Dória, Inês Nogueira e outros. O QUE É A LEITURA FURIOSA? A Leitura Furiosa destina-se aos que, sabendo ler, estão zangados com a leitura – crianças e adultos, homens e mulheres, empregados e desempregados, portugueses e estrangeiros. A Leitura Furiosa é um acontecimento especial que acontece anualmente há vários anos em Lisboa e, ao mesmo tempo, noutras cidades. Uma dela é Amiens, em França, onde nasceu. Para a Associação Cardan, de Amiens, que imaginou a Leitura Furiosa e a trouxe até Lisboa, e para a Casa da Achada o saber deve ser acessível àqueles que dele normalmente são excluídos, o saber e a cultura devem nascer de uma ligação com o conjunto da sociedade e a cultura pode e deve ser analisada por aqueles que habitualmente não a praticam ou pouco se ocupam dela. Por aí passa uma outra integração na sociedade daqueles que vivem com mais dificuldades e problemas vários que os afastam dessa cultura. Que pode ser menos aborrecida do que às vezes parece. A Leitura Furiosa dura três dias. É um momento especial: quem é (ou que a vida tornou) zangado com a leitura, a escrita (e até o mundo) encontra-se com escritores! É um momento único que permite a um não-leitor aproximar-se da magia da escrita, por intermédio de uma pessoa que escreve literatura. Cada um faz ouvir a sua voz e até pode seguir depois um novo caminho, ao descobrir pessoas, coisas, frases, palavras que têm a ver com a sua vida e podem fazer pensar. Em si e nos outros. Alguns pequenos grupos de gente zangada com a leitura (entre 4 e 6 pessoas) convivem durante um dia (sexta-feira 5 de Maio), com um escritor, convidando-o para um passeio pelo bairro onde se encontram e conversando, de pé ou sentados. Pelo caminho, almoçam. E continuam a conversar. À noite, o escritor escreverá em casa um pequeno texto, a partir do encontro, que oferecerá ao grupo com quem esteve, quando, no dia seguinte (sábado 6 de Maio), voltarem a encontrar-se, desta vez na Casa da Achada. Lê-se o texto, fala-se do texto, muda-se o texto. E os textos dos vários grupos são ilustrados por desenhadores convidados, à vista de toda a gente. Depois do almoço, em que zangados com a leitura, escritores e ilustradores se reúnem, todos os grupos visitarão, com o seu escritor, uma biblioteca ou livraria. No domingo (7 de Maio, às 15h), os textos são tornados públicos (os que vêm de França são traduzidos para português) numa sessão de leitura em voz alta feita por actores, e alguns deles serão musicados e cantados. Será distribuída uma brochura ilustrada, com os textos escritos nas várias cidades, onde cada um, de uma maneira ou de outra, estará: mesmo quem está zangado com a leitura pode entrar, querendo ou não querendo, na literatura que os leitores costumam ler e que os zangados com ela poderão ler também. E mais tarde nascerá disto tudo um livro, de dezenas de grupos, de escritores e ilustradores que às mesmas horas falaram, ouviram, contaram, perguntaram, responderam, leram, desenharam, em várias partes do país e do mundo. Coisas iguais e coisas diferentes. A Leitura Furiosa em Amiens: https://www.facebook.com/events/358355151232880/ A Leitura Furiosa no Porto: https://www.facebook.com/events/211971779302989/