Paraguaii apresentam ""Dream About The Things You Never Do" Não existe, entre etimólogos e historiadores, um consenso no que diz respeito às origens do nome “Paraguai”. Entre as várias hipóteses apontadas, contam-se “nascidos da água” (de “para”, “água”, e “guay”, “nascido” em linguagem guarani), “rio que corre através do mar” (segundo o historiador Paul Groussac) ou “rio dos habitantes do mar” (segundo o poeta e ex-presidente do Paraguai, Juan González). Assim como o país que lhes dá nome é um mistério, também os Paraguaii o são, em termos puramente sonoros. É isto pós-punk? É isto space rock? É isto uma banda rock que sabe dançar – e quem disse, na verdade, que as bandas rock não sabem dançar? Não chegaremos a nenhuma conclusão definitiva, até porque os Paraguaii são tudo isso, e até mais. Conhecemos-lhes as origens: encontraram-se em cima de um palco, algo fez faísca e gerou uma ideia. Em 2014, o projecto toma forma a partir da ideia. O mês de Dezembro marcou o lançamento de “She”/”Tucano Baby's”, single que haveria de dar lugar a um EP, que haveria de dar lugar a um disco – tudo isto no espaço de apenas dois anos, sinal de uma criatividade febril, o género de criatividade que só nasce através de uma vontade louca e de um excelente relacionamento entre todos os envolvidos. Quando assim é, poucas ou nenhumas forças conseguem travar tamanho comboio em alta velocidade. O mais que conseguirão é entrar a bordo, juntar-se-lhes nesta viagem por milhentos espaços, sejam os palpáveis (o baixo pulsante via Factory, uma guitarra eléctrica tropical e caliente), sejam os imaginados (sobretudo através dos sintetizadores e órgãos que, qual nave espacial, transferem a música dos Paraguaii para um sideral desconhecido). Este é o seu segundo álbum, que não vai obter qualquer definição consensual da parte dos que o escutarem – pelo menos a nível de género musical. Talvez o possamos soletrar de acordo com o título de um dos temas: “Free And Wild”. Ou talvez o possamos levar para laboratório, dissecar o caldeirão em que se encontra a sopa. E claro que, em vez de o pensarmos, poderemos simplesmente dançá-lo. As luzes a isso nos obrigam.