Em 2013 Daniel Bernardes lança “Nascem da Terra”, que o estabelece como uma das principais figuras da nova geração de músicos de jazz portugueses. Disco muito bem recebido pela critica e pelo publico em geral, sendo tocado nas principais salas portuguesas e integrando a edição desse ano da Festa do Jazz do Teatro S. Luiz em Lisboa. Este concerto marca o inicio de um novo ciclo para Bernardes, onde poderá ser ouvida, em estreia absoluta, música escrita desde o lançamento de Nascem da Terra. Na sequência da estética evidenciada em Nascem da Terra, marcada pelo cruzamento da espontaneidade do jazz e o lirismo da música de tradição europeia, este novo trabalho revela uma utilização mais alargada do silêncio como elemento catalisador do gesto musical. A noção de ciclo, está também muito presente na obra de Bernardes, sendo disso exemplo o conjunto de composições “Os Prelúdios Possíveis”, que conta agora com novas adições. Estes prelúdios refletem uma busca pela espontaneidade no acto de compor, sendo terminados numa sessão de trabalho apenas, proibindo-se o autor de voltar a eles para os alterar, num esforço para manter intacto o ímpeto criativo original. Este novo trabalho marca também o inicio de um ciclo em homenagem ao realizador polaco Krzysztof Kieślowski. A ideia para este ciclo é inspirada na série “Dekalog”, onde Kieślowski se debruça sobre a temática dos Dez Mandamentos, dedicando um filme a cada um destes. Os filmes funcionam como entidades separadas, cada um com a sua narrativa e sem ligação aparente. Contudo, Kieślowski explora a ideia de elemento recorrente, através da personagem de Artur Barciś, que aparece, sem intervir, na maioria dos filmes. Inspirado por esta ideia, Bernardes explora neste seu ciclo a ideia de motivo recorrente, uma frase musical curta, aparentemente desligada da narrativa musical, e que se mantém de peça para peça. Os músicos escolhidos para este novo trabalho - Joel Silva e Carlos Barretto - dispensam apresentações, duas referências absolutas do jazz em Portugal, e que curiosamente se cruzaram há mais de dez anos no Orfeão de Leiria! Joel Silva, é um baterista estabelecido, com uma criatividade infinita e também ele compositor com o seu disco de estreia “Geyser”. Colabora desde há muito com Bernardes o que fomentou entre os dois uma empatia enorme que se vê e se ouve nos concertos ao vivo. Carlos Barretto, é um dos melhores e mais versáteis contrabaixistas do mundo. A sua discografia é incontornável na história do jazz europeu. A sua criatividade musical aliada a um domínio absoluto do contrabaixo e um som inconfundível, tornaram inevitável para Bernardes a colaboração neste novo trabalho. Músicos: - Daniel Bernardes | piano, composição - Carlos Barretto | contrabaixo - Joel Silva | bateria