Amélie Poulain não teve uma infância feliz. Cresceu sozinha, privada da companhia das outras crianças e encerrada à força no seu mundo devido a alegadas arritmias cardíacas. A mãe morreu e o pai transferiu todo o seu afecto para um mausoléu com um anãozinho de jardim dedicado à mulher. Quando chegou a idade de sair de casa, Amélie foi para Paris, onde arranjou emprego como empregada num café em Montmartre cuja gerente é uma ex-bailarina equestre e onde também trabalham uma mulher hipocondríaca e uma rapariga "endireita" com uma vida amorosa torta. Amélie, que tem uns olhos que parecem abraçar o mundo e um sorriso traquina gosta de atirar pedrinhas ao rio, partir a crosta estaladiça do leite creme e chorar a imaginar-se autora de grandes feitos. Mas um dia, um trágico acontecimento vem alterar a sua vida e fazer com que descubra que a sua verdadeira vocação é melhorar a vida dos outros. Através de uma série de estratagemas engenhosos, Amélie consegue inundar de felicidade a vida da porteira do prédio, do empregado da mercearia da esquina, oprimido pelo patrão, da hipocondríaca e do "homem de vidro", um velho vizinho que sofre de uma fragilidade patológica dos ossos e que passa a vida a pintar o mesmo quadro de Renoir. O que Amélie não consegue mudar, porém, é a sua própria vida, hesitando em procurar a felicidade junto de Nino, um estranho personagem que colecciona fotografias tipo passe que as pessoas deitam para o lixo e trabalha em "part-time" num comboio-fantasma e num "peep-show". O filme, protagonizado por Audrey Tautou e Mathieu Kassovitz, foi ignorado pelo Festival de Cannes e duramente criticado por alguns críticos franceses. Mas o último filme de Jean-Pierre Jeunet (um dos co-autores de "Delicatessen" e de "A Cidade das Crianças Perdidas" e o realizador de "Alien 4 - a Ressurreição") mereceu o carinho do público, que em todo o mundo tem acorrido em massa para ver "Amélie Poulain", cuja linguagem deve tanto à banda desenhada como aos contos infantis, e que nos faz sair da sala de cinema inundados por uma estranha sensação de felicidade e a acreditar num mundo melhor. *** CINEMA CON|VIDA é uma iniciativa oragnizada pela Liga dos Amigos do Museu e o Consolata Museu |Arte Sacra e Etnologia e consiste no convite lançado a uma personalidade de Fátima, ligada ao cinema ou não, desafiando-a a escolher um filme que a tenha marcado na sua vida. Após a sua projeção decorrerá uma tertúlia sobre as impressões sentidas. O espaço escolhido foi um local emblemático para os fatimenses e não só, a antiga sala do Hotel Pax, agora denominado Consolata Hotel. Esta sala mantem a decoração ao gosto dos anos 60 e foi uma referência durante largos anos pela realização de sessões de cinema, pois ir ao cinema implicava deslocações para fora de Fátima. A sala insere-se numa construção de raiz para receber um Hotel que abriu as suas portas em 1967, sendo os italianos Giggi Capabava e o missionário da Consolata Fiameni os autores do projeto. É um contributo do museu e sua liga para assinalar um dos momentos relevantes da história de Fátima ao longo dos últimos 100 anos.