É com muita xitação e prazer que a Xita se prepara para apresentar a sua primeira edição individual. O conto começa com Primeira Dama e o seu primeiro disco “Histórias por Contar…”, e é a partir desta primeira edição que a turma da Xita Records promete estar presente, de pé assente, na música DIY portuguesa. Manel Lourenço é (desde o início de 2015) Primeira Dama e a partir do aparecimento da Xita, este rapaz lisboeta tem vindo a trabalhar com os seus amigos como forma de concretizar o que é fruto de uma grande amizade e partilha de histórias. A história começou muito antes quando este se vê rodeado de músicos em toda a sua família, tanto paternal como maternal. Estudou música durante quase 10 anos da sua vida e encontrou instrumentos de criação e expressão musical, como o saxofone, obviamente o piano e os teclados, sem esquecer a sua fácil manipulação vocal que faz com que tenha aprendido a lidar com a melodia e a harmonia de uma forma quase banal. “Histórias por Contar…” é o consumar das histórias vividas por este jovem, o amor, os amigos e as chatices que por vezes trazem são faladas neste disco como uma forma natural do seu crescimento e da sua simbiose com o próximo. A Pop é levada para um rumo de sonho e introspeção, onde as vozes e os teclados são retratados como a sua forma de expressão, caracterizados por reverbs lo-fi onde existe uma sujidade quase obscura. Para que tal conceito acontecesse, a produção foi levada a cabo por Filipe Sambado, uma pessoa também presente na história da Primeira Dama praticamente desde que esta começou a andar de bicicleta. "Não Passa Nada", o single e a primeira canção deste disco, promete tudo o que Primeira Dama tem para contar. São os teclados dreamy e a cantiga pop que vão caracterizar este disco do princípio ao fim. Segue-se "Recreação", o amor platónico e controverso vivido por este jovem começa aqui a ser retratado e está presente até ao final do disco. Depois também de tanta chatice, “sobra o refúgio do Sul, onde me deixam pensar”. "Bilingue" é a canção onde a apoteose de teclados é levada ao extremo, aqui a Primeira Dama pretende repetir e insistir “É bilingue, mas não fala demais”. Chegamos a meio do disco com "Cantiga de Sala”, onde as influências, entre José Mario Branco e Britney Spears, são quase óbvias. É a meio deste disco que Primeira Dama se irá refugiar nos amigos em "Faixa Etária", talvez a canção que poderá sair mais fora das restantes 8 canções. Esta retrata os amigos, a experiência, a inexperiência e no fundo, a impaciência. Depois do refugio, "Mareh" e "Mono" voltam à caracterização base deste disco. O amor descompõe a Primeira Dama, amores passados, amores presentes. “Não devia ter ido beber para casa dela”, são os zumbidos em “Mono” que caracterizam o seu mau estar. “Foste tu que partiste”, uma situação que é transferida para quem ouve de uma forma em que a sua voz é escutada por entre reverbs, sussurros, o pedido de perdão e a confusão. O amor continua a ser a peça base do artista e da palavra de um modo mais criativo, o sentimento de perda e de afeto alienado pelo amor presente. Chegamos ao fim, com a canção que dá nome ao disco "Histórias por Contar", com a participação de Cláudia Palma (Cochaise), tornando-se o ponto máximo deste disco, que não deixará ninguém indiferente, pelo seu modo de conceção e pela forma como é transmitido. Se deixará tudo claro? A Primeira Dama prefere abstrato. AQ, Xita Records 2016. https://xitarecords.bandcamp.com/album/hist-rias-por-contar ~ ENTRADA LIVRE