A Eutanásia, ou melhor, como assegurar a dignidade humana no fim da vida, é um assunto que tem sido marginalizado ao longo dos séculos. Não porque outras variantes de eutanásia, entendida etimologicamente como uma "boa morte", não tenham ocorrido por todo o lado. Ora, a grande contradição deste tema é que a morte nunca é boa. Não sendo propriamente o mesmo que Eutanásia, o Mundo tem assistido a outras formas de situações mortíferas com denominações diversas desde as fratricidas guerras civis ou religiosas, aos genocídios, às limpezas étnicas, processos eugénicos, ao holocausto, etc. No quadro penal a Eutanásia é pura e simplesmente proibida. Na verdade, considera-se – e bem – que a preservação da vida é um bem maior, isto é, tem outra grandeza. Todavia, não é isso que está em discussão. A realidade é bem outra: a vida é feita de grandezas, mas também de incontornáveis misérias. E as misérias humanas não podem (não devem) ser ofuscadas pelos efémeros esplendores que a vida nos vai oferecendo. Todos somos donos do nosso corpo (ou devíamos ser) mas existem momentos em que essa propriedade é condicionada. A posse do corpo pelo próprio (sui) é bem revelada pelo suicídio. Quando a vida corre riscos e a morte assombra à nossa frente aparecem múltiplas disposições legais que regulamentam procedimentos. A Eutanásia encontra-se entre esses possíveis procedimentos. É neste âmbito que nos encontramos. A questão da Eutanásia coloca-se, na prática, sob dois grandes parâmetros: a dor (sofrimento) e a dignidade humana. Estas algumas das razões que levaram o Ateneu de Coimbra a trazer à discussão o tema Eutanásia. Trata-se, como sabemos, de um conceito complexo, relativo, mutável, variante com o contexto humano e a evolução social e, finalmente, depende do comportamento cultural dos indivíduos e das sociedades. Convidamos para integrar a mesa os Prof. André Dias Pereira (docente da Faculdade de Direito da UC), o Dr. Carlos Cortes (Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos) e o Padre Luís Francisco (Assistente espiritual nos CHUC) que farão a introdução do tema onde transversalmente abordarão a questão ética, mas cada um dará especial enfoque a outros aspectos correlacionados com o tema: legais, médicos, religiosos, etc. Apostamos numa participada intervenção dos assistentes porque, para usar um jargão actual, como se trata de ‘um tema fracturante’, é uma questão onde pululam dispares opiniões e concepções. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - INFORMAÇÕES > Entrada gratuita > Organização: Ateneu de Coimbra, com apoio do ISEC - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra., Pró-Associação 8 de Maio e Sindicato dos Professores da Região Centro