Exposição UMA DELICADA ZONA DE COMPROMISSO - integrada no ciclo Paisagens Efémeras até 7 fevereiro’16 - ÚLTIMA SEMANA! Entrada livre A partir do espólio de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010), seguimos o percurso que emerge da diversidade dos seus materiais e processos criativos. Um vasto percurso: da África Austral ao Brasil, do pós-independência de Angola ao exílio interior, do deserto ao mar, das obstinações às hesitações, da família à exigente solidão, da longa guerra à análise das suas implicações, da minudência dos diários de campo ao jogo de espelho entre observador eobservado. Seguimos, perplexas, as pistas da sua pesquisa, metódica e multiplicadora de sentidos. Deixámo-nos encantar pelos bastidores das suas obras nos quais, através das planificações iniciais, temporárias efinais, assistimos às ideias a nascer, a crescer e a transformar-se. Interessámo-nos também pelos efeitos da passagem do tempo, incorporando acasos de uma vida inteira: ideias inacabadas, materiais que o tempo alterou, fotogramas que ganharam riscos, papel que o bicho comeu. Esses detalhes adicionados pelo tempo recordam-nos que a obra, inacabada, abandonada ou publicada, tanto pode ser refeita como pode ser princípio para outros fins. A exposição conta ainda com contribuições dos artistas António Ole, Délio Jasse, Kiluanji Kia Henda e Mónica de Miranda, entre outros, convidados a dialogar com o imaginário da obra de Ruy Duarte de Carvalho. Propõem-se assim novas possibilidades de leitura a partir de um diálogo, nomeadamente intergeracional, com outras práticas artísticas. Este encontro toma forma curatorial num momento que, embora já não sendo o de Ruy Duarte, é insistentemente interpelado pela sua obra. Ana Balona de Oliveira, Inês Ponte e Marta Lança "Tudo quanto pela vida fora se me foi revelando e determinando lugar no mundo, sempre acabou por ocorrer de maneira imediata, vivida, empírica, in vivo, a exigir, às vezes, e sem ser pela mão fosse do que ou de quem quer que fosse, opções e ações de vida ou de morte no pleno desenrolar dos acontecimentos. Elaborações e ruminações, teoria ajudando, foi quase sempre só depois. Não me lembro de ter vindo ao mundo, evidentemente, mas em compensação lembro-me muito bem de ter mudado inteiramente, tanto de alma como de pele, uma meia dúzia de vezes ao longo da vida." Ruy Duarte de Carvalho, uma espécie de habilidade autobiográfica Galeria Quadrum Rua Alberto de Oliveira Palácio dos Coruchéus / Alvalade 1700-019 Lisboa Horário: ter-sex:10h-13h/14h-18h | sáb e dom: 14h-18h [*dias 10, 11 e 12 dezembro até às 20h] Entrada livre Organização: BUALA Parceria estratégica: AFRICA.CONT/CML e EGEAC-Galerias Municipais Curadoria: Ana Balona de Oliveira, Inês Ponte e Marta Lança Desenho da exposição: Pedro Castanheira Design gráfico: Ana Teresa Ascensão Produção: Marta Lança Agradecimentos: José António Fernandes Dias, Paula Nascimento, João Rapazote, João Mourão, Rute Magalhães, Luhuna Carvalho, Eva Carvalho, Luís Mouro, André Pires, Manuel Wiborg e Micael Espinha. Para mais informações contacte: Marta Lança + 351 934728061 // martalanca@buala.org www.buala.org O BUALA é uma plataforma de documentação de questões pós-coloniais e transatlânticas nas áreas da cultura, comunicação, arte e ciências sociais. Na relação norte-sul e sul-sul, procuramos os seus contextos socioculturais particulares, apelando a um olhar transversal e problematizante, de abordagem interdisciplinar, construindo um imenso arquivo, em português, francês e inglês. Do significado de BUALA (aldeia, bairro, comunidade, periferia), na língua quimbundo, retemos esse ponto de encontro, casa comum de várias geografias e contribuições. O BUALA dinamiza uma seção dedicada à obra de Ruy Duarte de Carvalho, disponibilizando biografia, autobiografia, bibliografia, filmografia, inúmeros artigos sobre o seu trabalho e alguns textos do autor.