FCSH - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - UNL
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30 de Maio | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Auditório 1 - Torre B (Av. Berna, 26 C) Organização: Unipop e Instituto de História Contemporânea da FCSH-UNL Inscrições: 10 euros (inclui a oferta de um livro) As sociedades actuais têm sido frequentemente referidas enquanto sociedades de segurança e/ou sociedades de controlo. Seja através de uma análise mais sistemática ou pela referência a acontecimentos específicos, a discussão em torno das formas e discursos da vigilância, segurança e controlo têm-se tornado recorrentes nos últimos anos. Para isso contribui a generalização de um sentimento de perda de privacidade, com a intensificação de formas de controlo e vigilância associadas à cibernética e a novas tecnologias, assim como a disseminação de formas de repressão mais ostensivas e de criminalização dos movimentos sociais, provavelmente como consequência da vaga de protestos verificada nos últimos anos. O WikiLeaks e as informações reveladas por Snowden, passando pelo conhecimento da dimensão das tácticas de infiltração e de envolvimento com os movimentos sociais – expondo redes de vigilância que desconhecem fronteiras nacionais, como o demonstra o exemplo do polícia Mark Kennedy, em Inglaterra, ligado a casos tão «distantes» como o de Tarnac, em França –, assim como a viva discussão em torno da chamada «Ley Mordaza», recentemente aprovada em Espanha, ou ainda a crescente visibilidade da violência policial que compõe o quotidiano de muitos bairros sociais portugueses, constituem o quadro que reforça as referidas leituras e discursos que podemos considerar parte da generalização de um processo de «produção do medo». Com este seminário pretendemos discutir as problemáticas da segurança e controlo de forma abrangente, com um particular interesse na actualidade, mas sem dissociá-la de tendências que remetem para uma maior extensão temporal. A ênfase na novidade atribuída a muitos destes episódios obscurece, parece-nos, os antecedentes históricos e a inter-relação contemporânea de muitos destes casos. Assim, e após uma revisitação de diferentes propostas teóricas, segue-se uma análise de questões como a repressão experienciada nos bairros sociais, uma discussão sobre eventuais formas de controlo social mais discretas, associadas a práticas assistencialistas e paternalistas e, portanto, menos dependentes de métodos e instituições que assentam primariamente no uso da força coerciva. Os possíveis usos da tecnologia para práticas de vigilância e segurança serão igualmente abordados, tais como os discursos e os mecanismos em que assenta a criação de alguns dos sujeitos associados a esta «produção do medo», como o «terrorista», transversais a muitos desses contextos e, como tal, centrais na legitimação e generalização destas práticas securitárias. Abordar situações de natureza aparentemente diferente à luz de uma mesma problemática permitirá – assim se pretende – iluminar continuidades e diferenças e, por essa via, desnaturalizar os pressupostos, discursos, práticas e relações de poder que estruturam aquilo que é tomado como possível ou inevitável. Inscrições 10 euros – inclui a frequência do seminário e a oferta de um livro das Edições Unipop à escolha entre os seguintes títulos: Direito de fuga, de Sandro Mezzadra; Quem canta o Estado-nação?, de Judith Butler e Gayatri Spivak; A morte de Luigi Trastulli e outros ensaios, de Alessandro Portelli; Estranhos corpos políticos, de Diego Palacios Cerezales; As palavras da História, de Jacques Rancière. O número de lugares está limitado ao espaço disponível. A inscrição deve ser feita por transferência bancária, através do NIB 0035 0127 00055573730 49 (à ordem de Associação Unipop), seguida de e-mail com o comprovativo para cursopcc@gmail.com. Programa 10h – Abertura 10h15 – Mesa-redonda «Autores, teorias, conceitos» Jorge Ramos do Ó Luís Carneiro Tiago Ribeiro 11h45 – Pausa 12h – Painel 1 «Segurança e Tecnologia» Nuno Rodrigues Gonçalo Rocha Gonçalves 13h00 – Almoço 14h30 – Painel 2 «Estado e assistencialismo» Nuno Serra Tomas Vallera 15h30 – Pausa 15h45 – Painel 3 «Terrorismo» Diogo Duarte Inês Espírito Santo 16h45 – Pausa 17h – Mesa-redonda «Protesto, sociedade e repressão» Pedro Rita Ricardo Noronha António Brito Guterres Oradores Jorge Ramos do Ó é professor no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e professor convidado na Universidade de São Paulo, Brasil, instituições onde lecciona temáticas relacionadas com a história da educação, história da cultura e teoria do discurso. Luís Carneiro é formado em Filosofia. Actual membro do grupo de investigação «Aesthetics, Politics and Knowledge», do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, leccionou o seminário «Biopolítica» no mestrado de História, Relações Internacionais e Cooperação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O seu trabalho tem vindo a incidir sobre os diferentes modos de relação entre metafísica e política e nos seus efeitos antropológicos. Tiago Ribeiro é investigador júnior do Observatório Permanente da Justiça e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. É doutorando em Sociologia, com enfoque na argumentação jurídica e no governo judiciário da sexualidade. Nuno Rodrigues é geógrafo, mestre em Estudos Urbanos (ISCTE-IUL/FCSH-UNL) e investigador no CEG e no DINÂMIA’CET – IUL. Tem trabalhado nas áreas das geografias de género e sexualidades, espaço público, intervenções e dinâmicas urbanas e geografias digitais. É membro da Unipop. Gonçalo Rocha Gonçalves é doutorado em História pela Open University, Reino Unido. É bolseiro FCT de pós-doutoramento no Centro de Investigações e Estudos de Sociologia, ISCTE – IUL, onde também é professor no departamento de História. Entre as suas últimas publicações conta-se «Police reform and the transnational circulation of police models: The Portuguese case in the 1860s», em Crime, Histoire & Sociétés /Crime, History & Societies (2014). Nuno Serra é geógrafo, tendo publicado, entre outras obras, Estado, Território e Estratégias de Habitação (2002) e coordenado, com José Soeiro e Miguel Cardina, Não Acredite em Tudo o Que Pensa: Mitos do senso comum na era da austeridade (2013) sendo também co-autor do livro A Crise, a Troika e as Alternativas Urgentes (2013). Escreve regularmente no blogue de economia política «Ladrões de Bicicletas». Trabalha na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Tomás Vallera é doutorando em Ciências da Educação, variante de História da Educação, no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Tem estudado a relação entre o conceito setecentista de «polícia» e os fundamentos do sistema escolar moderno, tomando a Intendência-Geral da Polícia (1760-1833) e a Casa Pia de Lisboa (1780-) como principais objectos de pesquisa. Diogo Duarte é antropólogo e investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Trabalhou sobre violência anticlerical no período da I República e, actualmente, realiza uma tese de doutoramento sobre a História do Estado e do Anarquismo em Portugal (1890-1940). É membro da Unipop. Inês Espírito Santo é socióloga e investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, ISCTE-IUL. Realiza actualmente um pós-doutoramento no Observatório da Emigração. Entre as suas áreas de interesse estão as migrações internacionais e subjectivações sobre o trabalho, militarização das fronteiras e sociologia visual. É membro da Unipop. Pedro Rita é jurista. Ricardo Noronha é investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde concluiu o seu doutoramento com uma dissertação sobre a nacionalização da banca durante o processo revolucionário. É membro da Unipop. António Brito Guterres é investigador no DINÂMIA’CET – IUL, participa em diversas associações locais e de reflexão sobre cidade e urbanismo e tem trabalhado sobre participação, commons, regeneração urbana, arte e cultura no desenvolvimento da cidade. É membro da INURA – International Network for Urban Research and Action.
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