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Conversas No CPF : 'Arqueologia do Presente'

Conversas No CPF : "Arqueologia do Presente"

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“O ponto de insurgência, a arché da arqueologia, é o que acontecerá, que se tornará acessível e presente, tão somente quando a investigação arqueológica realizar a sua operação”

Neste trabalho de Marco Rocha são “desocultados” episódios, não como rastreamentos de uma memória passada, mas sim como insurgências sem data do nosso tempo, seja ele qual for. Há nos gestos do fotógrafo a clara vontade de realizar um levantamento topográfico do seu quotidiano; no entanto, o que nos apresenta não é a descrição dos objectos do mundo, mas antes a construção de elementos que são já objectos do universo estético. A câmara fotográfica é aqui um dispositivo de mutação estética onde os espaços e as construções funcionais se transformam em paisagens de carácter forense, totens ou eventos espaciais que associamos à lógica das instalações. O dispositivo fotográfico (a câmara de 35mm) é aqui utilizado em movimentos de micro- ajustes como se de um scanner se tratasse, utilizando um aparelho que foi desenhado para a mobilidade numa quase estaticidade. Desconstruindo, assim, o programa do aparelho fotográfico, que também é ideológico e cultural, tal como nos aconselha Vilém Flusser.
Esta é uma metodologia de extremo rigor na definição das paisagens, de artefactos estéticos, enquanto apropriação cultural do território.
Estas imagens são dúbias, deixam-nos em suspenso, ficamos com a sensação que aconteceu algo, de que não identificamos o tempo nem o propósito. São, por isso, imagens resistentes, que recusam a ilustração como apoio a discursos mais explícitos. Em vez disso, Marco Rocha opta por uma linha discursiva que arrisca exigir ao observador uma atenção extrema e a capacidade de poder pensar imageticamente e unicamente com ferramentas que são próprias da fotografia.
Estas fotografias são um survey contemporâneo do nosso presente, quer este seja o nosso imaginário cultural, quer seja o lastro fotográfico que temos.

Francisco Varela, 2 de julho de 2024.

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