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Cartas ao Sul

Cartas ao Sul

Filmes: Adamastor – Praça do Município – Arrábida

Mesa de conversa: Lucas Camargo de Barros (mediação), Tiago Amate e Fil Pedroso (fotografia)

Cartas ao Sul é um projeto transdisciplinar entre dança, cinema e literatura. Um conjunto de células coreográficas que partem de provocações epistolares e transformam-se em filmes-ensaios endereçados à ficção globalizada que nomeou-se como Sul do mundo.

Resultado do etnocentrismo da modernidade colonial, a ficção cartográfica e geopolítica do Sul erigiu-se às custas da invasão e expropriação de territórios como Abya Yala, deixando como rastro o genocídio de milhões de seres humanos e como herança o falogocentrismo do patriarcado colonialista. A branquitude europeia desenha há séculos mapas em que os povos invadidos estão abaixo, como forma de submissão iconográfica. O mesmo projeto político foi atualizado pelas teses eugenistas que deram origem a uma teoria dos mundos no século passado.

Em formato de videodança, as cartas transdisciplinares são um conjunto de depoimentos que expõem dissidências de um corpo indisciplinado atualmente a viver em Lisboa e, portanto, no Norte Global. Endereço essas cartas dançadas, então, ao país em que nasci e cresci, como forma de denúncia política, abstração poética e investigação sobre as lacunas éticas, políticas e iconográficas ainda presentes na vida pública portuguesa, suas lógicas de reprodução epistêmica na Europa e, por consequência, de manutenção da expropriação na ficção do Sul Global.

Mas estas cartas não se escrevem apenas ao Brasil, elas pressupõem um vínculo latino-americano e caribenho, uma coexistência com populações afetadas pela expropriação durante séculos e que neste momento ainda seguem em diáspora forçada por todo o mundo, considerando também um diálogo com pessoas aliadas. Afinal, com quais lacunas de sentido se deparam nossos corpos diante das mazelas do colonialismo e da destruição ecológica, ainda presentes no incessante avanço do capitalismo financeiro e industrial? Se essas violências são reproduzidas contra corpos insubmissos à modernidade colonial é porque coloca-se em xeque a acumulação e o consumo como as únicas formas de produção de subjetividades na metrópole.

Mesa de Conversa

Tiago Amate
(São Luís, 1992) Artista-pesquisador que investiga relações (im)possíveis entre imagens em movimento e corpos dançantes. Seus projetos de videodança relacionam experimentos do cinema de dispositivo e as indagações extemporâneas da dança.

Fil Pedroso
(Belo Horizonte, 1991) Pessoa não binária e diretore de fotografia. Tem bacharelato em Música Popular pela UFMG e em Cinema e Audiovisual pela UFF. Trabalha há 10 anos no campo da fotografia para o audiovisual, 7 destes também como assistente e operadore de câmera.

Lucas Camargo de Barros
(Brasil, 1987) Realizador e pesquisador brasileiro de longas como “O Tubérculo” (2024) e “O Pequeno Mal” (2018). É programador do IndieLisboa e doutorando na Universidade de Belas Artes onde pesquisa cinema contemporâneo e subversão formal.

Mais informação sobre o projecto Cartas ao Sul em cartasaosul.com

Fonte: https://www.casadocomum.org/cartas-ao-sul-2/
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