DEVAGAR O SOL VOLTAVA A IR
exposição de Helena Carneiro
escrita a partir da performance “Mão à mão que a terra dá” (2017).
À mão humana são associadas ideias de actividade, poder e domínio. Diversas acções têm como origem a palavra mão: mandar, manobrar, manter, manifestar. A mão prolonga-se através dos instrumentos e com a sua precisão energética confere um poder superior às capacidades inatas. Na performance “Mão à mão que a terra dá”, a mão é o elemento central que toma o lugar de outrem, neste caso vegetal. Na exposição DEVAGAR O SOL VOLTAVA A IR a presença da mão manifesta-se na transposição de texto para barro, processo que contraria o compasso higiénico de rapidez e eficácia, ao fazer-se numa transcrição lenta, demorada, paciente, lamacenta, de onde vão surgindo letras, palavras, que solidificam para se transformarem em cerâmica ou retornarem à lama que foram. Conjunturas polarizantes - fim/início, estagnação/transformação, definitivo/transitório, decadência/crescimento - são utilizadas como meio para a descoberta de possibilidades de acção e alquimias da consciência.
Apresentação da performance "Mão à mão que a terra dá" - SÁBADO 30/09/2023, 18:00-19:00