Mariana Camacho
Sex, dia 18 ago | 21h30 – Largo Padre Chiquito / Música
O que tem o passado a dizer sobre o presente ou o presente sobre o futuro? O que tem uma canção tradicional grega a dizer sobre quem cresceu no Atlântico? Poderá o subalterno das cidades rever-se na ceifeira? Entre canções originais e referências mais ou menos explícitas ao repertório eclético que tenho vindo a colecionar, monto uma obra onde as camadas sonoras vão crescendo e as influências se cruzando numa collage muito pessoal. Sirvo-me essencialmente de loops de voz e teclados, assim como de samples rítmicos e excertos de entrevistas, para fazer de mim um coro-orquestra. Esta é a minha carta de apresentação, onde cabem Caetano Veloso e John Cage, aliens, pescadores e ceifeiras. Cabe o Atlântico e o Mediterrâneo, o ar húmido do Brasil e o vento seco de Marrocos. No meio, a Madeira, sempre. Cabe Punk d’Amour, Chomsky, a Dima, a senhora de 90 anos que conheci no autocarro e caibo eu. Este concerto é uma viagem e uma reflexão inquieta sobre os pontos de interceção entre o local e o global; o real e o onírico; o bem e o mal; o terrestre e o celeste; o poder e a subalternidade; o passado e o presente; a herança que recebemos e a que deixaremos aos que virão depois de nós... Através das canções, faço o exercício de expandir-me para o mundo e de concentrar o mundo em mim, numa tentativa de posicionar-me nele. Descobrir o meu lugar - o nosso, enquanto espécie, numa terra a arder.