21h30 . Av. da República | VRSA
Sinopse: MUTABILIA é um espetáculo de circo contemporâneo e teatro físico, assente numa estrutura cenográfica minimalista, mutante e rotativa. Inspirada numa ideia de "casa", a sua forma altera-se ao longo do espetáculo devido ao seu movimento. A cenografia contém, nos seus aspetos formais, conteúdos intrínsecos à dramaturgia da criação, partindo de princípios relacionados com a instabilidade do nosso tempo, refletindo, simultaneamente, sobre o nosso comportamento e estados emocionais, em espaço público, privado e íntimo. A matéria e a substância, inclusive o corpo, passaram a significar uma utopia cibernética, o isolamento como sendo uma meta, uma ilha flutuante onde cada ser se protege, dentro de uma omnipotência anónima e plural da realidade virtual produzida em massa. A pluma de Magritte está presa na gaiola vazia, assim como os moradores da casa estão presos na cidade. Mas ao invés de serem por ela engolidos, engolem-na, colocando plumas na ausência da liberdade. Todo o espaço verdadeiramente habitado, contém a essência da noção de casa. A casa e os seus significados, em Mutabilia,surgem também como símbolos dos espaços habitados interiormente. “Antes de ser atirado ao mundo, o homem é colocado no berço da casa. E, sempre, em nossos devaneios, a casa é um grande berço." Nunca a casa fez tanto sentido como agora. Ou tão usada, sentida, penetrada, assumida, como agora. Casa abrigo, casa útero, casa reflexo, casa tempo. O mundo visto por dentro, desde dentro. Tédio, inquietação, desequilíbrio, confronto, silêncio, reflexão, espelho, tempo, consciência. A casa surge aqui como símbolo do self, como uma manifestação do inconsciente coletivo. Praticar o espaço é, no lugar, ser outro e passar ao outro. Em Mutabilia são dois intérpretes. O plural e o singular. O ser multiplicado, estilhaçado. Nos compartimentos da casa-corpo, presença e ausência. Ambos são um e o outro ao mesmo tempo. Luz e sombra. Como uma imagem arrastada no papel fotográfico dos dias, que procura a imaginária alquimia da unidade das coisas. As obras "Amor Líquido" de Zygmund Bauman, as "Cidades Invisíveis" de Ítalo Calvino, o filme argentino "Medianeras" de Gustavo Taretto, o documentário "Urbanized" de Gary Hustwit, são, entre outros, inspiração e reflexão para a criação artística e para a escrita de uma "história" que vá ao encontro dos propósitos temáticos e dramatúrgicos deste projeto. A opção artística para este trabalho decorre de reflexões e experiências anteriores da Companhia, no seu trabalho multidisciplinar, do qual o circo contemporâneo é parte integrante há vários anos, em encontrar novas dramaturgias e metodologias de criação, que coloquem em reflexão o mesmo na sua convivência com outras disciplinas artísticas, procurando darlhe um sentido artístico, sociopolítico e estético. O treino dos intérpretes, numa relação direta com a estrutura e a adaptação e design da mesma. O trabalho acrobático assenta em técnicas de equilíbrio, suspensão, forças combinadas e acrobacia aérea das quais se fundem códigos da dança e do teatro.
Fonte: https://www.cm-vrsa.pt/pt/agenda/26770/mutabilia-espetaculo-de-rua.aspx