Quando pretendemos chegar a um determinado lugar na altura certa, sugere-nos o bom senso que avancemos primeiro com as coordenadas. Pois bem, ei-las: 8 de junho (quinta-feira), às 21h30m, na Sala 2 da Casa da Música (Porto). Não há mistério algum. O que haverá é um instrumento musical insuspeito – e um seu virtuoso - a unir o contrabaixo de João Novais (que nos habituámos a ver nos Melech Mechaya e em Pedro e os Lobos), a bateria de Diogo Sousa (de Moullinex, A Garota Não e Mike El Nite) e a guitarra de David Rodrigues (String Fling ou Fulano, Beltrano & Sicrano). Trata-se do acordeão de Nuno Carpinteiro, cuja “Viagem”, o segundo álbum de originais, recentemente lançado, consegue a proeza de ligar imaginários musicais tão distintos como o (post)folk, pop, indie-rock, e até jazz. E, ainda por cima, chamando até si colaborações como as de Sérgio Miendes (Hands on Approach e João Pedro Pais), na guitarra elétrica e teclados, e, por último, de João Morais. Conhecido artisticamente como "O Gajo", João Morais tem, aliás, extraído da viola campaniça o mesmo que Nuno Carpinteiro empresta ao acordeão: uma abordagem vanguardista, plena de sonoridades contemporâneas, mas que não deixam de manter intactas a alma e a portugalidade do instrumento. Agora, com muito mais mundo, graças às deambulações do músico. Depois de “A Montanha” (2019), Nuno Carpinteiro faz refletir em “Viagem” algumas das suas memórias mais significativas, bem como a forte relação com a Natureza. Donde filtrou a simplicidade, o silêncio e a complexa harmonia das caminhadas pelo campo para espelhá-las nas nove composições do LP. Para apreciar em plenitude na moldura acústica da Casa da Música.