Baseado na peça de Bertolt Brecht Os cabeças redondas e os cabeças bicudas ou Os ricos dão-se bem com os ricos – a primeira em que o autor desenvolveu a temática do fascismo e as teorias de raça à luz da ascensão do nazismo –, o novo espetáculo de Joana Brito Silva, estreado duas semanas antes no FestivalTODOS, partiu de um desafio lançado à comunidade de Santa Clara: refletir “sobre os motivos que podem separar um ser humano de outro” através de “um debate sobre as condições de vida no território, racismo, idadismo e regionalismos.”
No espetáculo, Brito Silva trabalha com jovens da freguesia e com utentes idosos do Centro de Desenvolvimento Comunitário da Charneca para contar, através de um musical, a história de um tirano que, para escamotear uma crise económica, divide a população em duas raças, de acordo com a forma das suas cabeças. As particularidades físicas passam assim a dominar as preocupações da população, subalternizando, para gaudio do demagogo que a governa, a luta por melhores condições de vida e a diminuição do fosso entre ricos e pobres. FB
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