No dia 1 de Julho, o Doclisboa e a Cinemateca Portuguesa apresentam uma sessão de antevisão das duas retrospectivas que integram a 20ª edição do festival: Carlos Reichenbach e A Questão Colonial. Serão exibidas duas curtas do cineasta brasileiro, "Sangue Corsário" e "Sonhos de Vida", em conjunto com "Cabascabo", a primeira obra do cineasta nigerense Oumarou Ganda.
A sessão terá lugar às 21.45, na Esplanada da Cinemateca Portuguesa, e apresentará os seguintes filmes:
Sangue Corsário Carlos Reichenbach | Brasil | 1980 | 10 min Deambulando por São Paulo, dois antigos amigos encontram-se. Viveram juntos os loucos e psicadélicos anos 1960, mas as mudanças económicas e políticas das décadas seguintes afastaram-nos por caminhos de vida diferentes. Um continua a ser poeta, o outro é agora bancário. Homenagem à contracultura brasileira e à poesia de Orlando Parolini, actor em vários filmes de Reichenbach.
Sonhos de Vida Carlos Reichenbach | Brasil | 1979 | 10 min Duas operárias da periferia de São Paulo, interpretadas pelas musas da Boca do Lixo, Patrícia Scalvi e Misaki Tanaka, decidem procurar alguma diversão mesmo com o pouco dinheiro que têm. Primeiro filme de Carlos Reichenbach que retrata o universo das mulheres operárias brasileiras, tema depois recorrente na sua obra.
Cabascabo Oumarou Ganda | França, Níger | 1969 | 45 min Oumarou Ganda, o Edward G. Robinson de "Eu, um Negro", assina, dez anos mais tarde, este seu primeiro filme, obra seminal do cinema nigerense. "Cabascabo", escrito, realizado e interpretado por Ganda, inspira-se na sua história pessoal de antigo combatente da Infantaria francesa na Guerra da Indochina. Num tom tragicómico, seguimos as desventuras de Cabascabo, que dilapida o seu soldo enquanto tenta encontrar o seu lugar na vida civil.
Carlos Reichenbach foi autor de vanguarda e um dos mais importantes do Cinema Marginal, movimento de cinema brasileiro nascido nos anos 60, em plena ditadura militar. Explorou diversos géneros e estéticas, entre o thriller, o pornográfico, o experimental, apresentando uma diversidade de estilos essencial para preservar a liberdade criativa face às condições sociopolíticas e económicas que enfrentava, colocando o cinema como um gesto de revolta contra o mundo estabelecido.
A Questão Colonial é um programa que viaja entre 1950 e os dias de hoje, examinando a história da colonização, das guerras e da luta pela independência dos países africanos. Um passado comum a França e Portugal, mas sobretudo a Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Argélia, Tunísia, Senegal, Mali, Níger, entre outros e que será debatido através das várias representações cinematográficas dos diferentes protagonistas.