A Secretaria Regional da Educação e Assuntos Culturais, por via da Direção Regional dos Assuntos Culturais, através do Museu da Horta (MH) promove, na sexta-feira, dia 23 de junho, às 18.00h, mais uma edição de Santos da Casa Fazem Milagres.
Tendo sido bem acolhida pelo público em 2021, o MH retoma a iniciativa que se pretende que crie rotinas, pelo que convidamos residentes e visitantes a assistir a uma conversa, ao final da tarde de sexta-feira, na Casa Manuel de Arriaga.
Nesta edição, Os Açores na literatura portuguesa (e outras questões até verdadeiramente mais importantes nos tempos incertos em que vivemos) dará o mote para a intervenção de Fernando Dacosta e a partir desta, o público poderá participar e trocar opiniões numa sessão que se pretende aberta e informal.
Fernando Dacosta nasceu em Angola, cedo veio para Portugal. Estudou em Lamego, na Faculdade de Letras de Coimbra, tendo concluído Filologia Românica, em Lisboa. Iniciou a sua carreira como jornalista em 1967, tendo trabalhado em diversos jornais e revistas como o “Comércio do Funchal”, o “Diário de Lisboa”, o “Diário de Notícias”, o “Jornal de Letras”, o “Público” e a “Visão”. Colaborador em diversos programas de rádio, apresentou na RTP, em 1991/92 uma rubrica sobre literatura. Dirigiu os “Cadernos de Reportagem” e foi coeditor da Relógio de Água. Com mais de uma vintena de livros publicados, de vários géneros, ganhou os mais diversos prémios literários e jornalísticos com a sua obra. Em 2008 saiu a lume “Os Mal-Amados”, livro que desde então tem tido reedições constantes e sucessivas, um best-seller comparável apenas às suas “Máscaras de Salazar”. Da pena de um autor, que tem uma lucidez preclara, temos um livro essencial para o entendimento da História de Portugal dos últimos 50 anos, onde se traça a evolução de todo um povo através do contato privilegiado, íntimo e muito pessoal com alguns dos seus mais relevantes atores, tais como Marcelo Caetano, Salazar, Mário Soares, Álvaro Cunhal, Amália Rodrigues, Natália Correia, Agostinho da Silva, Snu Abecassis e a Irmã Lúcia. Obra indispensável numa época de desnorte, funciona como templo identitário, âncora fundamental para a compreensão da nossa atualidade coletiva. Não contente, em 2013, publica “O Botequim da Liberdade”, que rasga o intelectualismo português até ao seu âmago de açorianidade e conservadorismo empedernido. Tornou a fazê-lo, mais recentemente, com um passo de magia através de Amália Rodrigues. Autor de impressionante sucesso, profeta dos horizontes futuros, continua a presentear-nos com obras de rara pertinência e luz. Nada mau, se atendermos que é o autor do mais interessante livro sobre a nação portuguesa desde “A Mensagem”, de Pessoa, com “Os Infiéis”, de 1992, romance notável e de uma profundidade insuspeita, tão parca no país, que faz deste monumento literário exemplar raro.
Fonte: https://www.culturacores.azores.gov.pt/agenda/default.aspx?id=40652