Os processos de perda, sentimental e física, costumam ser catalisadores artísticos profícuos e indutores de processos criativos que ajudam a atenuar a dor e a sublimar a torrente de sentimentos. Foi isso o que aconteceu também com a fotógrafa Joana Dionísio. E o resultado ficou perpetuado no projeto “And the shape of things disappeared for a while”, que leva agora à apreciação do público maiato, em exposição na Galeria de Arte do Mira Maia Shopping. A mostra inaugura este domingo (dia 27), estará patente até 29 de abril e pode ser admirada, gratuitamente, de segunda-feira a domingo, das 10h às 22h. Desenvolvido entre 2020 e 2021, o trabalho esteve em destaque nos últimos Encontros da Imagem do CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura, em Guimarães, e resulta da “contrariedade de sentimentos que surgiram” após a morte do pai da autora, formada em Tecnologias da Comunicação Audiovisual, na especialidade de fotografia (e master na variante artística e documental). Do turbilhão de emoções, que conduziram Joana Dionísio a “refletir acerca das limitações da existência humana”, resultou um conjunto de fotografias que procura “olhar para a forma como lidamos com a perda de alguém que nos é próximo e com a consciência da nossa própria finitude”. Os conceitos que a artista explora assumem, com frequência, uma forte vertente autobiográfica, enveredam por temas como a memória e o arquivo, que nos conduzem, por sua vez, numa reflexão sobre a forma como o ser humano se relaciona consigo e com o mundo. “Numa sociedade caracterizada pelo desejo de prolongar ao infinito a juventude, a representação da conclusão do ciclo de vida passa a ser vista como um fracasso e por isso deve ser evitada. Contudo, se não temos a capacidade para definir os limites da nossa própria vida, como é que nos podemos relacionar com ela e connosco?”, questiona Joana Dionísio, a propósito de “And the shape of things disappeared for a while”. Ora, tendo em conta que todos estes conceitos se materializam “por meio de uma prática que imortaliza a vida através da sua representação”, o que significará, para a pessoa que está para lá da lente, “retratar a ausência do seu referente e qual o seu papel nas experiências do luto”? A resposta de Joana Dionísio chega através de uma “narrativa entre forças opostas e complementares, entre o presente e o ausente, realidade e ficção, entre o cá e o lá”, onde percebemos “o ir e vir de uma jornada que procura uma visão mais alargada da nossa razão de ser. Talvez entre o balancear de saber-se mortal e desejar-se imortal possamos encontrar uma oportunidade para viver em profundidade”, reflete a fotógrafa. É toda esta diálise, filosófica, estética e muito pessoal, que teremos oportunidade de assimilar durante um mês na Galeria de Arte do Mira Maia Shopping. A exposição engloba um total de 16 fotografias, nos formatos 40x60cm e 20x30cm e, ainda, duas fotos impressas em lona blockout, uma com 60x90 cm e outra com 90x126 cm. A Galeria de Arte do Mira Maia Shopping, recorde-se, recebe regularmente exposições de artistas plásticos das mais diversas áreas, da pintura à escultura, passando pela fotografia, instalação, artesanato e trabalhos em 3D. O espaço privilegia os artistas locais, da Maia e envolvência, sendo uma referência cultural do concelho. Sobre o Mira Maia Shopping: Inaugurado em 2009, o Mira Maia Shopping posiciona-se como um espaço único e diferenciador, com uma vasta oferta de espaços comerciais que privilegiam uma relação de proximidade com os seus visitantes. Estendendo-se por 19 mil metros de área bruta locável, é um espaço pensado para toda a família, com uma praça de restauração diversificada e insígnias de referência. Conta com cerca de 850 lugares de estacionamento e excelentes acessos, e está próximo do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.