Coreia é um jornal semestral dedicado a escritos de artista e a propósito das artes em geral, firmado numa relação com a dança.
Nesta edição #6 do jornal, publicamos um capítulo da tese de doutoramento de André Lepecki, dedicado à peça A Dança do Existir (1994) de Vera Mantero abrindo reflexões sobre a pós-memória da guerra colonial. A investigadora e coreógrafa Vânia Gala escreve sobre exclusão de corpos e práticas negras no ideário de “corpo universal” na dança e performance ocidentais. A bailarina e coreógrafa Piny estabelece uma relação entre política urbanística, arquivo arquitectónico e danças de rua.
Transcrevemos uma conversa entre a coreógrafa italiana Chiara Bersani, Diana Niepce e Carla Fernandes sobre a potência política do olhar e o corpo fora da norma nas artes performativas. O médico Miguel Teles reflecte sobre a empatia na prática da medicina moderna e o corpo a partir do livro de Diana Niepce Anda, Diana.
Prestamos homenagem ao artista e encenador Jan Ritsema, falecido em outubro de 2021, com a publicação de um caderno de escritos com Jonathan Burrows sobre a sua peça conjunta Weak Dance Strong Questions. O artista visual e editor italiano Emiliano Aversa escreve a partir da teoria de homeostase do neurologista António Damásio numa relação com o gesto na dança. O artista paulista Renan Marcondes escreve uma crónica sobre a eficácia discursiva de obras de arte partindo de comentários à performance de Eleonora Fabião para a 34.ª Bienal de São Paulo. Um colectivo formado no PACAP 5 do Forum Dança, composto por Andrei Bessa, Giovanna Monteiro, Leonor Mendes, Roberto Dagô e Vicente Ramos, faz um exercício de escrita a partir da prática de Composição em Tempo Real de João Fiadeiro. Os artistas colaboradores espanhóis Julián Pacomio e Ángela Millano elaboram sobre práticas de apropriação e cópia na literatura e na performance para reflectir sobre o seu trabalho. A artista visual Isabel Cordovil tece uma linha entre a continuidade da vida e a prática da arte em perspectiva do fim e da morte. Guilherme Figueiredo escreve um pequeno conto sobre o joelho, a flexão e as suas diferentes camadas sociais. O artista vilacondense Miguel Pipa propõe uma partitura para a utilização do jornal. E da artista Clara Amaral publicamos a tradução de um texto sobre ler e escrever e as vozes que circulam entre uma prática e a outra.
O lançamento do jornal será acompanhado pela performance de um capítulo de She gave it to me I got it from her de Clara Amaral, “um livro e uma coreografia, lida em voz alta e manuseada”. A performance em seis partes será repartida entre Lisboa, Porto, Vila do Conde e Coimbra, concluindo-se em Ponta Delgada.
Entrada livre
Contribuição #6: Ángela Millano & Julián Pacomio, André Lepecki, Andrei Bessa, Giovanna Monteiro, Leonor Mendes, Roberto Dagô & Vicente Ramos, Carla Fernandes, Chiara Bersani & Diana Niepce, Clara Amaral, Emiliano Aversa, Guilherme Figueiredo, Isabel Cordovil, Jan Ritsema & Jonathan Burrows, Miguel Pipa, Miguel Teles, Piny, Renan Marcondes, Vânia Gala | Tradução: Inês Cardoso & José Gil (estagiários), Joana Frazão, Pedro Cerejo, Paula Caspão, Sara Santos | Revisão: Pedro Cerejo, Daniel Lühmann | Transcrição: Inês Cardoso & José Gil (estagiários) | Produção e Distribuição: Circular Associação Cultural, Associação Parasita | Direcção Editorial e Edição: João dos Santos Martins | Design Gráfico: Isabel Lucena | Apoios: Escola de Dança do Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde, ESMAE (Porto), Galeria Zé dos Bois (Lisboa), Linha de Fuga (Coimbra), Vaga (Ponta Delgada) | Agradecimentos: Alkantara, Eleonora Fabião, Maus Hábitos
She gave it to me I got it from her de Clara Amaral tem design gráfico de Ronja Andersen e Karoline Swiezynski, edição de Isabelle Sully, objectos de Olga Micińska, foi publicado pela Kunstverein Publishing e financiado por Mondriaan Fonds, Veem House for Performance, Amsterdam, Members of Kunstverein, Alkantara e Teatro do Bairro Alto.
Clara Amaral (Fundão, 1984) trabalha com texto e performance. A partir de uma prática artística interdisciplinar, questiona o que significa ser leitora, ser escritora, tentando expandir modos, já existentes, de leitura, escrita e publicação.
João dos Santos Martins (Santarém, 1989) é artista. A sua prática distribui-se em múltiplas colaborações, experimentando entre formatos vários como a coreografia, a exposição e a edição.
Imagens: Coreia #6: nós aqui, entre o céu e a terra, Eleonora Fabião e colaboradorxs, 2021. Trabalho comissionado pela 34.ª Bienal de São Paulo Jaime Acioli. Cortesia da artista | Clara Amaral, She gave it to me I got it from her (2021) Joana Linda. Cortesia da artista.
Imagem: nós aqui, entre o céu e a terra, Eleonora Fabião e colaboradorxs, 2021. Trabalho comissionado pela 34.ª Bienal de São Paulo Jaime Acioli. Cortesia da artista
Fonte: https://www.cm-viladoconde.pt/pages/657?event_id=3055