Neste período particular e atípico, é inevitável que se imponha uma reflexão acerca do momento global que atravessamos e no qual passámos a lidar quotidianamente com as dinâmicas do medo e da incerteza. A convivência com uma ameaça invisível, a demonstração da instabilidade dos sistemas e as alterações à forma como nos relacionamos voltaram a expor a vulnerabilidade da condição humana.
Convidada pela Ci.Clo a participar como curador na Bienal de Fotografia do Porto ‘21, a Brotéria convidou quatro artistas a abordarem com o seu trabalho esta acentuada relação com a fragilidade da própria experiência.
A exploração visual destas tensões entre vulnerabilidade e resiliência, solidez e fragilidade, luz e escuridão, morte e vida, este espaço aparentemente místico que oscila entre a força e a delicadeza tem uma longa história e uma simbologia recorrente. A tradição dos memento mori na pintura é composta pela representação dos objetos que remetem para a precariedade da vida – “lembra-te de que és mortal” – dizem a ampulheta, os vasos de vidro, as flores em decomposição.
Como que numa reinterpretação contemporânea destes símbolos, Alexandre Delmar, Catarina Botelho, Carla Cabanas e Duarte Amaral Netto mostram nesta exposição uma imersão sensível na abordagem estética da fragilidade e no próprio significado do sentir humano.
Através de imagem fotográfica, vídeo e som, podemos navegar esta antologia de sentires e alegorias, desenhados que são a partir da matéria do efémero, traçando um glossário de resiliência, detritos do dilúvio do tempo.
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